Com taxa zero, Brasil deve importar arroz dos EUA e da Tailândia

 Com taxa zero, Brasil deve importar arroz dos EUA e da Tailândia

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, discursa no lançamento do Plano Safra 2020/21 observada pelo presidente Jair Bolsonaro

Tereza Cristina lembrou que o Brasil sempre importou arroz do Paraguai e do Uruguai, em negócios sem tarifas, por causa do Mercosul, e que essas importações costumam incomodar o setor produtivo.

A taxa zero para importação de arroz de países de fora do Mercosul, uma medida tomada na véspera pelo governo brasileiro para tentar atenuar os preços recordes do produto, deverá beneficiar principalmente Estados Unidos e Tailândia, que deverão exportar aos brasileiros, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nesta quinta-feira (10).

A isenção da tarifa de 10% a 12%, para o arroz em casca e beneficiado, respectivamente, vale para uma cota de 400 mil toneladas até o final do ano, volume que representa cerca de 35% das importações brasileiras totais projetadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o ano.

"Agora, é claro que o arroz demora um pouco para entrar. Ele vem basicamente dos Estados Unidos e Tailândia, que são os países que podem exportar porque é o mesmo tipo de arroz. Nós temos outros países produtores, mas é de outro tipo", disse a ministra, em entrevista à Rádio Gaúcha.

O presidente da Conab, Guilherme Bastos, disse à Reuters que muitas indústrias de beneficiamento já estão com suas compras agendadas em diversos países e também citou EUA e Tailândia como origens do produto.

Em meio ao dólar forte frente ao real que dificulta compras externas, as importações de arroz pelo Brasil de janeiro a agosto somaram 373,3 mil toneladas, queda de 26% ante o mesmo período do ano passado, segundo dados do governo.

A baixa nas aquisições no exterior também colaborou para a alta de preços, assim com a alta nas exportações.

A ministra lembrou que o Brasil sempre importou arroz do Paraguai e do Uruguai, em negócios sem tarifas, por causa do Mercosul, e que essas importações também costumam incomodar o setor produtivo, assim como a cota.

"Esse foi o primeiro ano que o produtor rural de arroz teve seus custos cobertos e uma margem de lucro. Trabalharam no vermelho muitos anos… Então foi muito difícil a tomada dessa decisão. A gente vem acompanhando isso há meses do arroz… mas a gente tem que olhar também o consumidor, a prateleira que não pode ficar vazia", disse Tereza.

Segundo ela, a cota servirá muito mais como uma "reserva técnica" para não deixar o mercado desabastecido, e não deve atrapalhar a próxima safra, que será colhida no início do ano que vem.

A ministra disse ainda que a FAO, órgão das Nações Unidos para alimentos, já vinha alertando há dois meses sobre essa alta global dos preços.

"Isso está acontecendo no mundo todo. Claro nós tivemos aí o dólar que favoreceu as exportações, então houve um aumento exportações", disse.

A ministra também destacou que o auxílio emergencial da Covid-19 fez com que as pessoas comprassem mais arroz.

"Muita gente está em casa, mudou seu hábito alimentar, arroz feijão, óleo para cozinhar. Houve sim um aumento de consumo. Ah, exportou muito, exportou, mas temos estoques aqui dentro para atender nossa população", disse.

"Estamos muito ligados na próxima safra, teremos uma safra com aumento de área, tudo indica, então deve ser maior."

A Conab estimou nesta quinta-feira a safra de arroz do Brasil 2019/20 – já colhida – em 11,2 milhões de toneladas, ante 10,5 milhões na temporada anterior, o que fez com que o Brasil entrasse neste ano com estoques relativamente baixos.

6 Comentários

  • Será Sra. Ministra que o pessoal vai seguir confiando no governo depois dessa medida anti liberal da redução da TEC? Será que esse arroz não vai chegar bem na época da colheita e estragar todos o mercado que vem? Não tentem minimizar a medida eleitoreira e populista do governo! Grande parte dos arrozeiros tinham planos, agora tem sonhos! Soja tá cara mas ninguém fala em reduzir a TEC… Exportações de arroz bombando. Indústrias sem estoques agora tem que cumprir contratos e não tem arroz para entregar! Olha mais lindo que isso não fica meus amigos… 90% dos produtores venderam por 45/60 até junho. E mesmo assim, nosso governo não teve piedade! Enquanto a soja só cresce, só enriquece o produtor, os arrozeiros são desprezados! Pela primeira vez venho aqui criticar nosso presidente!

  • Enfim, liberaram mesmo!!!
    VERGONHOSA MEDIDA!!!
    A industria e o varejo sempre levando vantagem, passaram a conversa no governo que compactuou com esta bandalheira e mais uma vez prejudicando o produtor!!!
    O arroz mingau (híbrido) dos EUA e o arroz podre da Tailândia chegará em plena colheita, estocando as industria que farão mistura com o arroz bom da próxima safra, achatando violentamento os preços ao produtor e não baixando nas gôndolas dos supermercados, com lucros enormes dos elos fortes da cadeia, a industria e o varejo, e ainda ficaram rindo dos produtores e do próprio governo que foi enrolado neste manobra escusa e desleal para aumentarem violentamente seus polpudos lucros!!!

  • O que foi o que eu falei???? Senhores, vamos cair na real….. Mingau, fedorento, com ratos como falaram aqui vai depender da aceitação do consumidor e se aceitarem vai mostrar a realidade ao mercado!!!Produtor teve olho grande no segundo semestre e foi o que aconteceu!!!

  • Caro Ricardo,
    Como sempre na contra-mão das vias produtivas, torcendo contra e tripudiando dos produtores. Uma vaia para ti !!!

  • Sr. Carlos, sou realista nas colocações! Somente isto! Deixe o mercado regular sozinho, com ou sem importação, com ou sem arroz fedorento e com rato, como o Sr. mesmo diz quem determina é o mercado, ou melhor, o consumidor!!!

  • Senhores, o presidente citou patriotismo nessa hora para que o varejo venda o arroz a preço de custo, margem zero, sem se dar conta que isso já vem ocorrendo há mais de uma década, anunciando arroz na tv a preço de custo e não raras vezes abaixo do custo, o varejo usa essa estratégia para atrair consumidores para outros itens mais rentáveis, sem se dar conta que esse modelo é um dos fatores que mais contribuem não só para o desprestígio da categoria bem como para o desestímulo à remuneração do produtor, uma vez que a tv(um canhão) estabelece a referência de preço e a concorrência sai na busca de negociações que possam acompanhar aquele subpreço. Toda cadeia vai sendo demolida se cima para baixo e a indústria penúltimo elo deste movimento de desestímulo acaba apertando o produtor que não encontrando alternativa vende seu produto igualmente com subpreço. Esse ano com vários fatores convergindo para fortes aumentos de preços da cesta básica, leite, óleos, azeites, carne suína e bovina, cortes especiais de frango, alho, feijão, triplicaram o preço. Será que o arroz, o único dessa lista que vem sofrendo com remunerações negativas há anos, é que vai carregar essa bandeira inflacionária??? Procon nas ruas notificando os abusos, já vimos esse filme no passado.

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