Com vista para o mar

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Carregamento de navios de arroz é passado na Cesa

Fechado e ameaçado de extinção, terminal da Cesa no Porto de Rio Grande vive dias de incerteza
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Permanece incerto o destino da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa). Historicamente deficitária e com um passivo gigantesco, que terá de ser pago mesmo que seja liquidada, a companhia está ameaçada de ser extinta pelo novo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, dentro dos planos de contenção dos gastos públicos que devem ser adotados.
A medida, se confirmada, afetará diretamente o terminal portuário público em Rio Grande, que vinha operando exclusivamente com arroz e está desativado por conta das obras de reforma e ampliação do cais do porto novo.

O canteiro de obras foi instalado justamente no entorno deste terminal. “A Cesa no porto está inoperante. É um imenso canteiro de obras e nada está sendo escoado pela unidade. Os embarques de arroz estão sendo feitos nos terminais do Complexo Termasa-Tergrasa e da Bianchini graças à estreita parceria da CCGL com o setor produtivo”, explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles.

A Cesa cumpre função importante no escoamento da safra, uma vez que pela unidade de Rio Grande passavam anualmente 30% das exportações gaúchas de arroz. A adaptação da área para a instalação de um complexo logístico exclusivo para o cereal a granel e ensacado permitiria ampliar a capacidade dos embarques, atualmente em 1,2 milhão de toneladas, para até 4 milhões de toneladas ao ano.

No entanto, o investimento previsto para a reforma do terminal – que abrange a instalação de um shiploader, que permitirá o embarque rápido de arroz ensacado, trilhos para carregadores, ampliação da capacidade de armazenamento e o término da obra de construção de um tombador para agilizar o recebimento dos grãos e de um silo-pulmão no retroporto, além de área de manobra para os caminhões – é de R$ 25 milhões.

O custo é considerado alto demais para os cofres do governo estadual na atual conjuntura, mesmo que os recursos da contribuição para o desenvolvimento da orizicultura (CDO) não estejam sendo canalizados integralmente para o setor pelo Estado. Até abril, enquanto o volume de soja no porto foi pequeno, as exportações de arroz tiveram lugar nos demais terminais, mas entre o final de maio e o início de outubro a situação preocupa o setor. A soja tradicionalmente é prioritária nos terminais graneleiros de Rio Grande. E o terminal da Cesa se resume à condição de um canteiro de obras de luxo, com vista para o mar.

QUESTÃO BÁSICA
A busca de soluções para viabilizar o investimento tem sido a pauta de uma extensa agenda de reuniões entre Federarroz, Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Federação da Agricultura do RS (Farsul), Superintendência do Porto de Rio Grande (SPRG) e Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul ao longo dos últimos meses. Uma das alternativas apresentadas ao grupo seria aplicar parte dos recursos do caixa único do Estado provenientes da taxa CDO. Outra seria a criação de uma parceria público-privada (PPP) para financiar a obra, uma ideia que, segundo o secretário da Agricultura, Ernani Polo, já vem sendo estudada pelo governo e tem o apoio da Federarroz. A expectativa é que as discussões em torno do assunto avancem nos próximos meses, que seja elaborado um plano de investimentos e ações e, na próxima safra, pelo menos com algumas melhorias de menor custo, o terminal volte a funcionar para garantir os embarques de quebrados de arroz. No mínimo.

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