Como prevenir a brusone?
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monitorar a principal
doença da orizicultura
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A brusone é a principal doença que atinge lavouras de arroz irrigado em nível mundial. No Brasil não é diferente e verifica-se grande incidência desse patógeno de norte a sul do país. No Rio Grande do Sul, a incidência e a severidade do patógeno aumentam em alguns anos e diminuem em outros, além dele apresentar grande diferença entre as regiões orizícolas. Na safra 2017/18, por exemplo, verificou-se grande número de lavouras atacadas na Zona Sul e na Planície Costeira Externa e baixa incidência nas lavouras da Fronteira Oeste.
Então, como saber quando e onde é maior a probabilidade de ocorrência da brusone? A equipe SimulArroz pretende responder a pergunta com um modelo matemático capaz de simular o desenvolvimento da doença de modo muito semelhante àquele que simula o desenvolvimento do arroz irrigado para o estado. O trabalho faz parte da tese de doutorado em Agronomia de Michel Rocha da Silva, da UFSM, que integra a equipe SimulArroz na Região Central. Ele tem orientação do pesquisador Cláudio Ogoshi, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri), e dos professores Alencar Zanon e Nereu Streck, da UFSM.
“A ideia surgiu com base em um trabalho realizado na Itália, onde o monitoramento da ocorrência da doença tem auxílio de um modelo matemático desenvolvido na Universidade de Milão”, destaca Silva.
Para desenvolver e validar esse sistema antibrusone em área gaúcha foi conduzido um primeiro experimento durante a safra em lavoura comercial no Distrito da Palma, em Santa Maria. Na etapa foram utilizadas três cultivares com diferentes graus de resistência e/ou tolerância a brusone e sem aplicação de fungicida de controle. Como resultado preliminar, não foi verificada a incidência da doença na temporada 2017/18 independentemente do grau de suscetibilidade da cultivar. “O resultado preliminar mostra a influência do ambiente para a ocorrência da doença, o que o modelo que será desenvolvido pretende mensurar”, explica. A baixa ocorrência de brusone esteve relacionada ao clima em diversas regiões do estado.
Para a safra 2018/19, a experiência e a coleta de informações serão ampliadas para outras regiões orizícolas. Também serão instalados coletores de esporos para verificar o momento da chegada destes nas lavouras. Na Zona Sul, o Irga é parceiro do projeto e está engajado junto à equipe SimulArroz em obter respostas que auxiliem os rizicultores a garantir a produtividade e reduzir custos pelo uso da ferramenta em desenvolvimento.
“A agricultura digital, ao desenvolver novas ferramentas que auxiliem o produtor na tomada de decisão, é uma das formas mais simples de atingir a sustentabilidade das lavouras”, acrescenta Alencar Zanon. Espera-se a primeira versão desse modelo em dois anos.