Como a suspensão das exportações da Índia beneficia o Brasil?

 Como a suspensão das exportações da Índia beneficia o Brasil?

Payloader being used to gather newly unloaded paddy at a parboiling rice mill.

(Por Patrícia Loss, Planeta Arroz) A volta das informações sobre uma possível suspensão das exportações de alguns tipos de arroz pela Índia, o maior fornecedor do grão ao mercado internacional, ter influência, por tabela, também nos mercados atendidos pelo Brasil. As informações iniciais indicam que a Índia poderá restringir as vendas internacionais de arroz quebrado.

O analista de mercados de arroz da AgroDados/Planeta Arroz, Cleiton Evandro dos Santos, avalia que uma restrição ao produto indiano poderá, sim, aquecer a demanda global por quebrados e beneficiar o Brasil. “No caso dos quebrados, a Índia compete conosco em alguns mercados, em especial na África, embora ela atenda mais a um lado do continente africano mais próximo da Ásia e nós atendemos países que estão mais próximos das Américas. Mas, como pratica preços baixos, ainda que tenha um produto com maior contaminação por diferentes tipos de variedades, ela influencia muito nas cotações globais”.

Santos explica que, atualmente, cerca de um terço das exportações brasileiras estão concentradas em quebrados de arroz, seja meio grão (canjicão) ou quirera. Parte destes embarques são para os Estados Unidos, onde são aproveitados em pet food, e outra parte, principalmente o meio grão, são dirigidos ao consumo humano na África, dentro de um conceito de culinária étnica”, observa.

Ainda segundo o analista, mesmo com a Índia ofertando quebrados de arroz em volumes que estão suprindo até a demanda da China, este subproduto teve alta de preços no mercado global. “Alguns dos grandes países fornecedores, como a própria Índia, o Paquistão, Tailândia e Vietnã viram o 100% broken aproximar-se, igualar e até passar outros padrões de produto, como o 25% de inteiros, em algumas destas origens”, informa. Para ele, a saída da Índia deste mercado pode elevar consideravelmente as cotações dos quebrados brasileiros, e fatalmente refletirá em outros padrões de grãos mundo a fora.

“Temos que supor que se os indianos restringirem as vendas do residual de produto beneficiado, irão, também, segurar um pouco de arroz em casca e beneficiado. E isso tem potencial de trazer um novo choque às cotações internacionais. Ocorrendo, teremos um cenário completamente distinto para a próxima temporada de negócios”, entende.

No entanto, destaca que em termos de arroz longo fino, há conflito entre o produto brasileiro e o indiano em raros casos. “Nós competimos no mercado de arroz longo fino de alta qualidade, enquanto a Índia se destaca mais nos mercados de aromáticos, étnicos, grãos curtos e, no caso do longo fino, atende um mercado que não é tão exigente em qualidade e tem em países cujo foco está concentrado nos preços baixos e menores custos de frete”, explica.

Mas, acautela-se: “é preciso entender que tudo isso ainda está no campo das hipóteses, de muita especulação e nenhuma informação oficial. Pode ou não ocorrer. A única certeza que temos é que precisamos seguir acompanhando e que um movimento da Índia tem muito peso no comércio mundial de arroz”, resume.

No ano passado, a Índia exportou 20,5 milhões de toneladas de arroz em base casca, e nesta temporada a estimativa da FAO é de que o volume negociado pelo país asiático alcance 21 milhões de toneladas, a menos que confirme-se a suspensão das vendas para preservar seus estoques e preços internos. Com alguns de seus principais estados produtores com chuvas mais fracas, o país prevê uma queda na sua principal colheita de arroz. E, com as grandes exportações, também estima uma redução mais forte em seus estoques, o que elevaria ainda mais as cotações internas. Preservar os estoques tem sido a alternativa indiana, já adotada nos mercados de trigo e açúcar.

1 Comentário

  • É só Brasil que um saco de arroz inteiro para consumo de humano vale menos que um saco de quirera prá dar para as galinhas ou um saco de quebrados para alimentar cachorros??? Não valeria mais a pena produzir arroz do sequeiro ou com menos irrigagação aqui no sul??? Quando vejo um saco de quirera a R$ 120 no indicador/cepea isso chega a me passar a cabeça! Sera que não é melhor produzir arroz preto, arroz vermelho, arroz do MST… A unica variedade que não rentabiliza é o longo fino inteiro! Na fronteira-oeste podem checar! 20% de redução na área do arroz! Até que essas disparidades não forem equalizadas o pessoal não vai arriscar! Esperamos que os produtores das demais regiões e SC também façam a sua parte! Um ano apenas para que o mercado se autoregule. Uruguay vai fazer isso. Paraguay vai investir mais na soja. E a Argentina vai reduzir tudo!

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