Competitividade comparada

Quase 100% do arroz exportado chega a Rio Grande de caminhão.
Trem e navio são alternativas
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O Porto de Rio Grande, através dos terminais graneleiros Termasa, Tergrasa, Bianchini e Bunge, tem capacidade de carregamento operacional de 170 mil toneladas por dia e de armazenamento de 1.770.000 toneladas estáticas. No ano passado, 14 milhões de toneladas de grãos (soja, arroz, milho, trigo e feijão) foram exportados pelo porto gaúcho. Já neste ano são mais de 4 milhões de grãos.

De acordo com a Superintendência do PRG, a capacidade total de recebimento de grãos através de todos os modais (rodoviário, ferroviário e hidroviário) é de 98.500 toneladas por dia. A capacidade total de carregamento de granéis supera em 1,75 vez a capacidade de recebimento.

Para o superintendente do PRG, Dirceu Lopes, a melhoria dos serviços portuários não é apenas uma questão de infraestrutura, mas de gestão. Segundo ele, atualmente, cerca de 100% do arroz (e 95% da soja) que chega ao PRG é via caminhão, ou seja, o RS não usa outros modais os quais o porto tem estrutura para receber.

A avaliação é compartilhada pelo diretor-superintendente da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), Arlindo Bonete Pereira: “As hidrovias representam uma alternativa de transporte de cargas muito vantajosa e já foram muito utilizadas. O modo aquaviário é mais barato em razão do volume que pode ser transportado. Um caminhão transporta 15 toneladas, enquanto uma embarcação, dependendo do tamanho, pode transportar o volume correspondente a 20 ou 30 caminhões. Além do mais, as hidrovias atendem todo o estado e têm conexão com a Lagoa dos Patos”.

Pereira lamenta que o Porto de Cachoeira do Sul, por exemplo, não seja utilizado para embarcar arroz nessa modalidade. “O Porto de Cachoeira, que foi construído há 17 anos, ocupa 23 hectares, conta com mais uma área disponível de 183 hectares para a instalação de um distrito industrial, tem um terminal da Cesa, um da Granol e mais uma unidade de armazenagem da SPH para 9 mil toneladas, e, no entanto, essa infraestrutura não está sendo usufruída. O Porto de Pelotas também é um importante corredor de exportação, que em 2008 já encaminhou mais de 30 mil toneladas de arroz para exportação via Porto de Rio Grande. E temos também o Porto de Porto Alegre, que em 2013 movimentou mais de 1 milhão de toneladas em cargas, mas estima-se um crescimento de 18% a 20% para 2014”, enumera.

FERROVIÁRIO

A fatia do modal ferroviário nas cargas transportadas no estado também é modesta. Os trens têm participação de 9%, ante 25% no Brasil, percentual baixo se confrontado com outros países de extensão continental. Apesar do avanço dos produtos industrializados, os granéis, puxados pela soja, são o carro-chefe da América Latina Logística S/A (ALL), a maior empresa independente de logística da América Latina. No ano passado, 68% dos grãos exportados por Rio Grande chegaram via ferrovia. Infelizmente, o volume com arroz transportado nessa modalidade é tão baixo que ainda não deu origem às estatísticas.

Em termos de competitividade comparada, um vagão graneleiro pode transportar 100 toneladas de carga. São necessários 3,57 caminhões (de 28 toneladas de carga) para se igualar a um vagão. Já um trem com 100 vagões corresponde a 357 caminhões.

VANTAGEM
As vantagens oferecidas nestes dois modais de transporte não são suficientes para atrair a atenção dos exportadores. “Não vejo muita vantagem no transporte por trem ou balsa, a não ser em períodos mais críticos”, avalia Alexandre Selk, da Euricom Brasil. “O custo rodoviário fica entre R$ 20,00 e R$ 23,00 a tonelada, enquanto por balsa é de R$ 22,00. Ocorre que a oferta de caminhões é tão grande que acaba não compensando. A ferrovia, por sua vez, é usada basicamente para a soja. No caso do arroz, pode haver risco de contaminação com a soja e o milho”, argumenta Matheus Pereira Pinto, da Louis Dreyfus Commodities.

QUESTÃO BÁSICA
Conforme o gerente comercial da Tecon, Rodrigo Orsoletta, apenas 5% do volume de arroz que chega ao terminal, em média 150 contêineres ao mês, pelo intermodal de Uruguaiana é via trem. “Os 95% restantes chegam mesmo é por caminhão, mas nem todo esse volume é para exportação, já que inclui a cabotagem”, informa.

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