Comportamento atípico garante valorização em março
Desta vez, em plena safra, quando normalmente a pressão da oferta reflete numa desvalorização dos preços, se observa um mercado firme, com preços em elevação nas principais praças de comercialização do país.
Definitivamente, os preços do arroz em 2007 vêm se apresentando de forma atípica, contrariando o comportamento sazonal do mercado brasileiro.
– Em janeiro, período de pico de entressafra, quando normalmente os preços apresentam valorização, houve queda, em conseqüência da manutenção da oferta por parte dos produtores e do baixo interesse de compra das redes varejistas – destaca o analista de SAFRAS & Mercado, Tiago Barata.
Desta vez, em plena safra, quando normalmente a pressão da oferta reflete numa desvalorização dos preços, se observa um mercado firme, com preços em elevação nas principais praças de comercialização do país.
Segundo o analista, uma série de fatores influenciou este comportamento, como a eficiência dos leilões de contratos de opção de venda no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; o atraso da colheita em função das constantes chuvas; e os prejuízos às lavouras em conseqüência das precipitações e ventos fortes no RS e SC.
A saca de arroz em casca em Pelotas/RS e Alegrete/RS teve valorização de, respectivamente, 9% e 11,5% ao longo do mês de março.
– Porém, houve um enfraquecimento de 0,9% e 1,6% na última semana – ressalta Barata.
– Esta queda no preço passou a ocorrer quando as chuvas diminuíram, permitindo o avanço na colheita, mostrando que a valorização era decorrente da ação conjunta do atraso da entrada da safra e dos mecanismos de comercialização – pondera.
Em Santa Catarina, o preço médio da saca de arroz em casca teve uma valorização média de 11,5% no mês.
– No Mato Grosso, o mercado também apresentou comportamento firme, acumulando uma valorização de 7,6% no preço médio da saca de arroz em casca ao longo do mês de março – acrescenta Barata.
No Mato Grosso, a colheita da safra avança lentamente, fazendo com que o ingresso de arroz novo nas indústrias de beneficiamento venha ocorrendo com baixa intensidade. Como o plantio dessa safra se estendeu por tempo maior, houve um prolongamento do período de colheita.
– Além disso, existe uma dificuldade e, conseqüentemente, encarecimento no escoamento da safra, uma vez que a logística vem sendo toda direcionada ao escoamento da safra de soja – explica o analista.
As adversidades climáticas, principalmente a estiagem no último mês, trouxeram prejuízos quanto à qualidade e quantidade da lavoura. Algumas indústrias mato-grossenses informaram estarem recebendo produto com 3 a 4 pontos de rendimento abaixo do que no ano passado.