Compra da Saman pela Camil preocupa o mercado

Notícia de negociação das duas grandes empresas agitou os bastidores do mercado brasileiro de arroz esta semana.

O anúncio de que a Camil, principal empresa de beneficiamento de arroz do Brasil, está comprando a uruguaia Saman, que tem grande presença no mercado brasileiro, está agitando e preocupando o setor. Segundo alguns agentes de mercado, a Camil cresce de forma preocupante e passará a ditar os preços no varejo, além de criar mecanismos de importação pelos quais escapará de pagar impostos (com venda direto da subsidiária uruguaia para alguns pontos do Brasil) ganhando em competitividade com suas principais concorrentes.

Um agente de mercado comentou na manhã desta segunda-feira com a redação de Planeta Arroz, que a diferença, mesmo antes da negociação, já pode ser notada, com o arroz da marca Camil destoando em preço das demais marcas no mercado paulista.

– Afora as marcas muito pequenas que ainda tentam abrir mercado, o arroz desta empresa é o mais barato ao consumidor entre as grandes indústrias. Isso é preocupante porque, com o ganho de competitividade, o mercado estará cada vez mais concentrado e eles poderão ditar os preços no futuro, para baixo ou para cima – afirmou.

Estima-se que com a compra da Saman, a Camil poderá abocanhar uma fatia de até 20% do mercado brasileiro de arroz, principalmente em São Paulo e no Nordeste.

– Vai ser duro concorrer com eles – reconhece um industrial gaúcho.

– Ainda mais, entrando direto do Uruguai sem pagar os impostos que pagamos aqui no Sul, como ICMS e CDO. Eles arrancam com um custo pelo menos 15% menor que o das indústrias locais.

A negociação entre Camil e Saman agitou também a indústria de boatos, que colocou uma grande multinacional do ramo de soja, insumos e alimentos, negociando a compra de uma das principais empresas brasileiras de beneficiamento e distribuição de arroz, que tem por hábito arrendar indústrias, sem investimento em plantas.

– Seria mais um passo preocupante nesta concentração das indústrias. Pior para o produtor que vai acabar ficando na mão de meia dúzia de empresários que poderão determinar preço – informou um dirigente arrozeiro.

Segundo o produtor, a solução é, cada vez mais, os produtores se organizarem para ter sua própria armazenagem e evitar financiamentos diretos das indústrias.

– O produtor tem que ser dono do seu produto até vender. Não dá mais pra entregar a depósito para a indústria e depois ficar penando pra vender só na baixa – avisou.

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