Conjuntura a favor

Entidades preveem 2021 de oferta ajustada e referências mais altas

A certeza de que a temporada comercial que começa em março de 2021 será de cotações valorizadas, entusiasma o setor produtivo. A recuperação de renda por boa parte dos produtores que venderam arroz antes da escalada de alta em 2020 é um dos fatores que motiva o presidente Alexandre Velho, da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) a apostar em um desempenho mais estável, mas com média mais elevada. “O arroz chegou a um novo patamar. E para o consumidor é acessível entre R$ 4,00 e R$ 5,00, pois é um produto de alta qualidade nutricional, um alimento básico em nosso país e que exportamos para todo o mundo. Depois de segurar as pontas deste mercado durante uma década, é justo que o produtor tenha uma valorização para manter-se investindo em alta tecnologia e garantindo a segurança alimentar do brasileiro”, desabafa.

Na avaliação de Velho, fatores como a paridade de preço do cereal com o mercado internacional, que mesmo com qualidade inferior ao nacional se mantém acima de R$ 100,00 a saca, além do tamanho da área plantada praticamente igual ao ano passado e o câmbio acima de R$ 5,00 que trará incentivo à exportação, são alguns dos fatores que referendam a previsão. A paridade mais alta em relação ao Mercosul, em função deste mesmo câmbio, e a demanda interna aquecida devido à continuidade da pandemia e a imunização mais lenta do que esperávamos, com a obrigação de muitas famílias em continuar em isolamento em casa também reforçam esta perspectiva. “Estes fatoresnos levam a crer que não existem motivos para que o arroz baixe de preço na colheita e ao longo do ano de 2021”, observa.

Preços
Na primeira quinzena de janeiro os preços médios do arroz estavam acima de R$ 91,00 com valorização acumulada de 85%, segundo o indicador de preços Esalq/Senar-RS. A média anual do indicador de 2020 ficou em R$ 73,39/saca, em alta de 68,8% em relação à do ano anterior (R$ 45,51/saca). Comparando as médias dos cinco anos anteriores (R$ 41,36/saca), a cotação da matéria-prima subiu 77,4%. O indicador atingiu média mensal recorde em outubro do ano passado, quando chegou à casa de R$ 105,38/saca.

Os analistas Lucílio Alves, Isabela Rossi e Victória Gaspar, do Cepea/Esalq, lembram que para 2020/21, mesmo com a maior rentabilidade em 2019/20, a área não teve reação expressiva, tendo em vista que muitos produtores não dispunham de capital para elevar com força os investimentos operacionais. Além disso, incertezas sobre a dinâmica da demanda em 2021 com a retomada da economia também impediu maiores investimentos. A demanda doméstica arrefeceu no final do ano e está caminhando para um ritmo normal de consumo, após o forte aquecimento verificado em 2020.

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