Consórcio com mandioca
Arroz e mandioca são dupla perfeita no Norte/Nordeste.
No norte (Pará) ou no meio-norte (Piauí) brasileiro, a dobradinha arroz com mandioca é uma importante alternativa de afirmação da cultura, de subsistência para agricultores familiares e de renda. Tecnologia impensada para os padrões do cultivo irrigado do Sul ou para os fins da cultura de terras altas, no Mato Grosso, o método de cultivo desenvolvido pelos cientistas da Embrapa ganhou nova dimensão e impulsiona as roças de pequenas propriedades nessa região. No Meio-norte, o sistema é adotado consorciando as duas culturas ao mesmo tempo, em linhas. No Pará, o mecanismo é diferenciado, utilizando a rotação no chamado Sistema Bragantino. Neste inserem-se ainda outras culturas importantes para a subsistência regional, como o milho e o feijão-caupi.
Nesse sistema, além do produtor obter mais renda, ainda existe a vantagem de usar um manejo menos danoso do que o modelo agrícola itinerante, comum ao Pará, conhecido como “derruba-e-queima”. O modelo tecnológico, que está sendo adotado pelas comunidades de produtores, possibilita o cultivo em rotação e consórcio das quatro culturas de maior expressão socioeconômica no nordeste paraense: mandioca, feijão-caupi, milho e arroz. A partir da correção da fertilidade do solo, que se faz necessária em função do empobrecimento dos solos naturalmente fracos da região, de espaçamentos diferenciados e da adaptação da prática do plantio direto (sem arar ou gradear), o sistema é apropriado tanto para a agricultura familiar quanto a empresarial – a primeira praticada pela maioria dos produtores locais e a segunda em crescente expansão na região.
10 – O ganho de produtividade nas culturas é muito significativo, atesta o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Manoel da Silva Cravo. Segundo ele, em um hectare cultivado no Sistema Bragantino a produtividade média do milho passa de 350 quilos/hectare para 2.500 quilos/hectare e do arroz de 300 quilos/hectare para 2.300 quilos/hectare. A mandioca consorciada com feijão-caupi sobe de 12 toneladas/hectare para 25 a 30 toneladas/hectare. A do feijão-caupi reduz em 200 quilos/hectare (solteiro), ficando em 1.200 quilos/hectare (consorciado com mandioca), mas ainda assim apresenta vantagens, pois tem-se na mesma área mais 25 a 30 toneladas/hectare de mandioca por ano. Com base sustentável, permitindo cultivos sucessivos de culturas temporárias na mesma área, o Sistema Bragantino intensifica o uso da terra. Três cultivos por ano (arroz ou milho, mandioca + feijão-caupi), ao invés de um, favorecem o aumento da renda do produtor e da oferta de mão-de-obra. E ao restaurar a fertilidade do solo o sistema potencializa a utilização de áreas já alteradas, contribuindo para a preservação ambiental. Como pano de fundo, evidencia-se a racionalização do uso de máquinas, equipamentos, insumos e técnicas.