Constante recuo nos preços não inibe expectativa positiva para próxima safra

Artigo do sócio-economista do Instituto Cepa, de Santa Catarina, revela como anda o mercado do arroz no Sul.

As estimativas da produção gaúcha ainda não estão delineadas por causa da insuficiência de água para irrigação, condições que continuam a imperar em várias de suas regiões produtoras, como as da fronteira oeste. Mas se as chuvas deste meio de semana normalizarem os níveis d’água, ou ao menos reduzirem bastante a atual insuficiência, a produção gaúcha terá condições de se acercar dos 6,34 milhões de toneladas da última safra.

Por outro lado, à medida que se aproxima o início do plantio (outubro), diminui a expectativa de queda em grandes proporções na produção mato-grossense da safra 04/05 (2,1 milhões de toneladas). A estimativa da Associação dos Produtores de Arroz deste estado (APA/MT) situa a safra 04/05 em torno de 600 mil hectares cultivados. Se o clima “cooperar”, o rendimento por hectare poderá superar três toneladas, gerando mais de 1,8 milhão de toneladas.

Em Santa Catarina, após a apreensão causada pela estiagem ocorrida na região de Araranguá, mantém-se a perspectiva de moderado crescimento da produção (pouco mais de um milhão de toneladas). A se confirmarem estas estimativas preliminares dos três estados de maior produção, que equivalem a 70% do total nacional, é de se esperar que os dados da próxima safra brasileira se aproximem dos da anterior: cerca de 3,5 milhões de hectares de área cultivada, 3,5 mil a 3,6 mil quilos por hectare de produtividade e uma produção não muito distante de 13,3 milhões de toneladas. O desempenho do arroz em casca da atual safra no mercado interno, porém, não apresenta alterações expressivas, ou seja, segue pouco dinâmico.

Este baixo dinamismo resulta da reduzida demanda das indústrias, que estão comprando somente o necessário para atender a seus compromissos com os segmentos atacadistas e varejistas. Por outro lado, tanto o arroz oriundo da Argentina quanto o do Uruguai subiram de preço na semana passada. Tais altas resultaram da reunião de Paraná (província de Entre Rios, Argentina), entre representantes dos produtores brasileiros, argentinos e uruguaios. Seu baixo percentual, entretanto, permitiu que continuem pressionando os preços do produto brasileiro. Como o indica a Conab, os preços da saca de 50 quilos do arroz em casca argentino estão chegando a R$ 28,04/50 kg (3,31% a menos que os preços da praça de Pelotas) e os do produto uruguaio estão sendo internalizados a R$ 28,41.No atacado paulista, o fardo de 30 kg do produto argentino está sendo comercializado a um preço médio de R$ 38,00, 1,32% abaixo do preço médio vigente; o do produto uruguaio, a R$ 38,51 (Conab, Conjunturas Agropecuárias, semana de 13 a17/09/2004).

Por estas razões, neste mês de setembro os preços aos produtores gaúchos continuam a cair em conta-gotas. No dia 2 estavam a R$ 30,00/sc de 50 kg em quase todas as praças, exceto em Capivari (R$ 33,00/sc de 50 kg).Dia 22 de setembro, Capivari baixou para R$ 32,50/sc de 50 kg; em Alegrete e Santa Maria caíram para R$ 29,00/sc de 50 kg; as demais praças gaúchas vêm comerciando o produto a R$ 28,50/sc de 50 kg.

Nas praças catarinenses, ainda no mesmo período, os preços aos produtores declinaram R$1,00/sc de 50 kg nas praças de Araranguá, Criciúma, Tubarão e Laguna. Alcançaram R$ 29,00/sc de 50 kg.Permaneceram em R$ 28,00/sc de 50 kg nas praças de Blumenau e Itajaí, e em R$ 27,00 nas praças de Rio do Sul e Ibirama.

No atacado paulistano, no mesmo período (base CIF e prazo de 30 dias, e com ICMS), reduziram-se R$ 0,50/30 kg: o agulhinha tipo 1, para R$ 39,00; o agulhinha tipo 2, para R$ 36,50/R$ 37,00; o parboilizado Tipo 1, de R$ 39,50.

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