Consultor aposta em safra abaixo de 12,2 milhões de toneladas

Aldo Lobo, consultor da Safras&Mercado, apresentará dados atualizados sobre a safra nacional de arroz 2003/2004 na próxima segunda-feira, no Seminário Comercialização & Exportação, em Porto Alegre. Ele também vai explicar porque as cotações do arroz gaúcho estão baixando.

A safra brasileira de arroz 2003/2004 não deve passar de 12,2 milhões de toneladas, segundo estimativa da empresa Safras&Mercado, uma das mais respeitadas consultorias em agronegócios do Brasil. O consultor Aldo Lobo afirmou na noite desta sexta-feira que todas as informações levam a uma produção nacional entre 12,15 a 12,2 milhões de toneladas de arroz colhidos no Brasil nesta safra, o que configura-se em um recorde, mas está pelo menos 600 mil toneladas abaixo da previsão de instituições públicas federais como o IBGE e a Conab.

As informações de Lobo estão mais próximas das divulgadas pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), com respaldo da cadeia orizícola gaúcha. Segundo ele, não há interesse de polemizar, mas os dados são conflitantes e colocam em cheque as informações do IBGE e da Conab.

PREÇOS

O consultor Aldo Lobo também vai apresentar as variantes que estão pressionando para baixo os preços do arroz no Rio Grande do Sul. Segundo ele, há um conjunto de fatores interferindo no mercado, como por exemplo a entrada no mercado nacional de arroz do Uruguai ao preço de US$ 8,00 o saco de 50 quilos com 58% de inteiros ou mais. Este preço é cobrado pelo produto posto em Jaguarão e a prazo de até 40 dias, o que o torna altamente competitivo.

O Uruguai colheu 1,1 milhão de toneladas de arroz nesta safra e consome apenas 100 mil toneladas/ano. “O excedente para internar no mercado brasileiro é altíssimo”, explica o consultor da Safras&Mercado.

A pressão de oferta de arroz por parte dos produtores que precisam pagar a primeira parcela do financiamento de custeio da safra passada também está interferindo no mercado. O fato de alguns produtores adotarem o preparo de inverno da lavoura também tem gerado uma oferta significativa neste momento, pois precisam vender parte do estoque para capitalização e compra de insumos.

“Qualquer gráfico sobre o histórico do comportamento da comercialização atesta um excesso de oferta de abril a junho. O medo da baixa de preços também gera um efeito cascata. Temendo uma queda maior, o produtor apressa-se em vender e, assim, força ainda mais a oferta no mercado e os preços caem mais”, analisa Lobo.

Além disso, o Rio Grande do Sul está com dificuldades de colocar arroz no Sudeste, pois o arroz do Mato Grosso, principalmente o Primavera, tem boa qualidade e está mais barato (a cotação é de R$ 33,00 a R$ 34,00, mas o saco é de 60 quilos, 10 quilos a mais que no sul).

O arroz Primavera tem sido vendido na faixa de R$ 78,00 a R$ 79,00 o saco de 60 quilos beneficiado para São Paulo e o produto gaúcho está na faixa de R$ 80,00 a R$ 81,00. A variedade Cirad, de qualidade inferior, mas muito plantada no Mato Grosso e Centro-Oeste, no entanto, está cotada a R$ 70,00 o saco beneficiado de 60 quilos, o que favore a composição de um mix com arroz gaúcho ou o próprio Primavera.

Esta situação, segundo Aldo Lobo, não tende a permanecer por muito tempo. Ele afirma que são baixos os estoques de arroz de melhor qualidade no Mato Grosso e, quem tem, vai segurá-lo para vender no final do ano, obtendo picos de valorização do produto. Na sua opinião, a partir de julho/agosto, as cotações internas devem aumentar significativamente. Garante, no entanto, que esta valorização não chegará aos níveis do ano passado.

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