Cotação baixa do arroz reduz ganhos das indústrias

Há uma pressão dos supermercados para baixar preços e a tendência é haver redução no varejo nos próximos meses.

Os aumentos da produção interna e das importações de arroz, que têm reduzido os preços ao produtor, também devem baixar as margens de lucros das indústrias – o que explica o movimento em busca de mercados de qualidade mais baixa. A Camil, que em 2004 faturou R$ 726 milhões com produção de 420 mil toneladas, espera receita entre R$ 660 milhões e R$ 680 milhões este ano, com 450 mil toneladas. A Josapar, que lucrou R$ 25 milhões em 2004, quando produziu 360 mil toneladas, espera manter oferta e ter menos lucro com os preços baixos.

“Há uma pressão dos supermercados para baixar preços e a tendência é haver redução no varejo nos próximos meses”, diz Augusto de Oliveira Júnior, diretor de Relações com o mercado e investidores da Josapar. Segundo a Safras & Mercado, o preço ao produtor gaúcho caiu 42,6% em maio sobre o mesmo mês de 2004, para R$ 19,23 por saca de 50 quilos. No Mato Grosso, a queda no período foi de 46,5%, para R$ 17,92 por saca de 60 quilos.

Cálculo da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) com base na diferença entre custo de produção e preço de venda aponta prejuízo para os produtores do Estado de R$ 1,7 bilhão neste ano. Para a Associação dos Produtores de Arroz do Mato Grosso (APA-MT), a conta resulta em perda de R$ 463 milhões.

A crise nos preços está afetando municípios gaúchos dependentes da cultura. Em Camaquã, 600 das 2 mil pessoas que trabalhavam nas lavouras de arroz foram demitidas neste ano, segundo o prefeito João Carlos Machado (PP).

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