Cotação do arroz sobe mesmo com importação 25% maior
Ainda abaixo dos custos de produção – estimados no Rio Grande do Sul em R$ 26,00 por saca – os preços do arroz em casca fecharam na nessa sexta-feira (13-07) em R$ 21,25 – a saca de 50 quilos (média gaúcha), segundo a Safras, maior valor desde 23 de janeiro (R$ 21,80)..
A importação brasileira de arroz dos países do Mercosul cresceu 25,8% neste semestre na comparação com o mesmo período de 2006. Ainda assim, os preços do grão no mercado interno abriram recuperação e atingiram o maior preço em seis meses. O represamento da oferta pelo produtor provocou a alta, segundo Tiago Barata, analista da Safras & Mercado.
Ainda abaixo dos custos de produção – estimados no Rio Grande do Sul em R$ 26,00 por saca – os preços do arroz em casca fecharam na nessa sexta-feira (13-07) em R$ 21,25 – a saca de 50 quilos (média gaúcha), segundo a Safras, maior valor desde 23 de janeiro (R$ 21,80).
Para Barata, a atitude de segurar o produto nos armazéns pode ser um “tiro no pé” e causar o efeito contrário nos próximos meses.
– Há um encurtamento do tempo de comercialização até o início da próxima safra, em fevereiro de 2008. Se essa oferta não for bem administrada, os preços podem recuar fortemente – alerta o analista.
Ele explica que, com menor volume de produto nacional em junho, as indústrias e as redes varejistas e atacadistas vêm suprindo-se do arroz em casca importado, que só em junho representou 88 mil toneladas, 55% mais que no mesmo mês de 2006. A previsão da Safras é de que o Brasil importará em 2007 cerca de 1,050 milhão de toneladas, 23% mais que em 2006.
Para o diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rubens Silveira, esse receio sobre conseqüências negativas do movimento de represar a oferta não procede. Para ele, o mercado está equilibrado entre oferta e demanda.
– O que acontece é que o rizicultor não está superofertando, caso contrário, os preços estariam despencando – avalia Silveira.
Da safra gaúcha, de 6,4 milhões de toneladas, ele estima que 40% já tenha sido comercializado, o que indica patamares normais para o período.
Além disso, acrescenta Silveira, outros fatores estão contribuindo para a alta. Entre eles, a entrada da entressafra e o baixo nível dos estoques de passagem, previstos em 492 mil toneladas, 4,2% da produção desta safra, de 11,475 milhões de toneladas.
– Estoque abaixo de 10% da produção indica preços mais altos – completa Silveira. E é isso que está acontecendo, mas ainda de forma tímida, de acordo com ele, e com 30 dias de “atraso”.
Paulo Morceli, superintendente de Gestão de Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também avalia que a recuperação é normal e não redunda em preocupações de uma possível superoferta no segundo semestre de comercialização. “A expectativa é que essa retomada seja mais acentuada até outubro e novembro”, diz. A grande preocupação é quanto ao nível dessa retenção, que não pode chegar ao ponto de o arroz valer mais de R$ 26, preço do produto importado de países de fora do Mercosul.