Cuba e o arroz: grande consumidor recebe o principal encontro internacional
Autoria: Gilberto wageck Amato.
Encontro Internacional de Arroz, Cuba, 6 a 10 de junho de 2011
La Habana recebeu técnicos da América, Ásia e Europa no principal encontro internacional do arroz para pensar e discutir o cereal sob a visão da temática “Agricultura y nutrición, una alianza saludable”.
A participação internacional
Participaram do encontro 300 delegados de 19 países, sob os auspícios de instituições nacionais cubanas, sob o comando do Ministério da Agricultura (Minagri) e organismos internacionais.
Estes, representados por Programa Mundial de Alimentação, FAO, Centro Internacional de Pesquisa do Arroz (Irri), Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat), Cimmyt, Embrapa e Jica, a agência de cooperação japonesa.
Delegações
Do total de delegados, 35% eram pesquisadores e extensionistas, 60% produtores e 5% dirigentes. Os países que se fizeram presentes foram Alemanha, Brasil, Canadá, Colômbia, Coreia, Costa Rica, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Guatemala, Israel, México, Panamá, República Dominicana, Suíça, Uruguai, Venezuela, Nicarágua e Vietnã.
Brasil, uma ausência notada
Além do tradicional apoio institucional da Embrapa, o Brasil se fez presente apenas por um (sic) participante, convidado como conferencista.
Era esperado mais do primeiro país em produção e consumo de arroz fora do continente asiático.
O fato contrastou com a presença no encontro anterior, quando três dezenas de membros dos segmentos de pesquisa e da cadeia produtiva do arroz nacional tiveram a oportunidade de saber o que ocorria pelo mundo e divulgar seus trabalhos e produtos.
A explicação do inexplicável ficou por conta da diferença em relação ao momento anterior, no quarto encontro, em 2008, quando bons ventos traziam resultados econômicos satisfatórios para a produção.
Pauta do evento
O encontro contemplou desde aspectos científicos até política setorial, sendo selecionadas, na sessão plenária final, as temáticas mais discutidas, a seguir arroladas.
– Biofortificação de cultivos de
importância para a alimentação.
– Manejo e a proteção dos solos.
– Uso de biofertilizantes na agricultura atual.
– Melhoramento e obtenção de novas variedades através de hibridizações, cultivo de tecidos e seleção recorrente.
– Experiências na utilização de híbridos de arroz.
– Transferência de tecnologias vietnamitas e japonesas para a produção em pequena escala.
– Utilização de sorgo em sistemas de rotação de cultivos.
– Manejo integrado de pragas em arroz e soja.
– Colheita e pós-colheita de arroz e outros grãos.
– Dinâmica da água no grão de arroz.
– Recursos fitogenéticos de arroz e outros grãos.
Contribuição brasileira
O pesquisador Gilberto Amato apresentou conferência intitulada “Dinámica del agua en el proceso de parboilización”, tratando das características hidrotérmicas do processo, demonstrando o manejo adequado de entradas e saídas de água no grão através do intricado jogo das variáveis temperatura e tempo. Explicou que o resultado é um produto de tecnologia limpa, obtido somente com água e calor, sem que se necessite de qualquer produto químico, gerando um alimento que, além das importantes características do arroz branco convencional, apresenta aumento no valor nutricional, pertencendo ao seleto grupo dos alimentos com propriedades funcionais.
Aproveitando os debates, abordou a qualidade do arroz produzido e processado no Rio Grande do Sul e no país.
Uma visão cubana do arroz
Os anfitriões colocaram que a grande família latino-americana, hoje, produz ao redor de 20 milhões de toneladas de arroz, que representa cerca de 5% da produção mundial, e também 6 milhões de toneladas de feijão (28 % da produção mundial) e mais de 115 milhões de toneladas de milho (14 % da produção). Estes grãos “se constituem na cesta básica fundamental de nossos povos”, afirmou a representante do Programa Mundial de Alimentação, na cerimônia de abertura.
Em Cuba, a produção tem incrementos anuais de 1% a 3%, ainda não satisfatórios em relação às necessidades fundamentais.
Consumo de arroz em Cuba
O país é um grande consumidor de arroz, com estimativas de um consumo (base polido) anual superior a 70 quilos per capita, enquanto a média mundial está em 57 quilos. Coloca-se entre os maiores consumidores mundiais.
A subida dos preços dos alimentos, assim como os impactos cada vez mais frequentes dos fenômenos climáticos adversos, obriga Cuba a traçar políticas nacionais que contribuam para a autossuficiência alimentar. “Necessita-se diminuir a dependência de mercados externos, muito variáveis e cada vez mais inseguros”, afirma o engenheiro Telce González, coordenador do encontro.
Para incrementar a produção nacional, Cuba incentiva a diversificação das formas de produção, estimulando a pequena e média escala. Estão sendo entregues terras em usufructo para dedicá-las aos cultivos estratégicos.
A política centralizada permite orientar a ciência cubana para que não fique de costas para esta grande meta. São buscados aportes de instituições científicas como universidades e centros biotecnológicos para, em conjunto com os produtores, alcançar a suficiência alimentar.
O convite para 2014
No encerramento, foi lançada a convocatória para o 6º Encontro Internacional de Arroz, de 9 a 14 de junho de 2014, em La Habana, tal como acontece há 13 anos.