Dá para o gasto

Safra brasileira encolhe 8,9% em 2009/10, mas garante o abastecimento.

O Brasil termina de colher uma safra de arroz de 11,485 milhões de toneladas, 8,9% menor do que a de 2008/09, segundo divulgou o 8º Levantamento de Safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No ano passado foram colhidas 12,602 milhões de toneladas.

A área total foi estimada em 2,79 milhões de hectares, registrando queda de praticamente 4% sobre os 2,91 milhões semeados em 2008/09. Para a produtividade das lavouras, a diminuição alcançou 5,1%, com média de 4,111 mil quilos por hectare.

Apesar da redução, o abastecimento está garantido com estoques do Governo e importações do Mercosul. O levantamento destaca o Rio Grande do Sul, principal estado produtor do país, com uma retração produtiva de 12,6% em relação ao ano passado, finalizando uma safra de 6,909 milhões de toneladas.

O fenômeno climático El Niño provocou alagamentos e enxurradas nas lavouras, impediu o plantio na época certa e gerou prejuízos à estrutura das lavouras. A safra atrasou e foi concluída em maio.

A área plantada ficou em 1,08 milhão de hectares, 2,4% inferior aos 1,17 milhão por hectare da safra 2008/09. O rendimento deve ficar em 6,4 mil quilos por hectare, contra 7,15 mil quilos colhidos em 2009. Em Santa Catarina, segundo maior produtor brasileiro, o volume será ampliado em 3,7%, totalizando 1,08 milhão de toneladas. A produtividade será a maior do Brasil: 7,2 mil quilos por hectare. No final da colheita foi registrada perda no sul catarinense por grãos falhados.

TERRAS ALTAS
No maior produtor brasileiro de arroz em sistema não irrigado, o Mato Grosso, a safra encolherá 7,6%. Era estimada uma colheita de 742,7 mil toneladas, diante das 803,9 mil toneladas do ano passado, mas, apesar do aumento da produtividade em 5%, a redução de 12% na área determinou o resultado. No estado, a maior liquidez da soja e a falta de logística para o arroz, além da proibição de plantar em abertura de áreas, reduziram a presença da cultura. O estado aposta num salto tecnológico da cultura, com variedades mais produtivas e sistemas de cultivo em áreas velhas ou pastagens degradadas.

No Maranhão, a segunda maior área plantada do Brasil, está se confirmando mais um aumento produtivo pela agregação de tecnologias em áreas irrigadas e uso de variedades de alto rendimento. A Conab estima uma safra de 684,4 mil toneladas, 13,1% maior que as 605 mil toneladas do ciclo 2008/09.

O rendimento por área é de 1.420 quilos por hectare, um aumento de 12,3% frente à produtividade de 1.264 quilos alcançada na safra anterior. A área aumentou apenas 0,7%, passando para 482 mil hectares.

 

Os grandes diminuem o passo
A redução de área plantada de arroz no Brasil nesta safra foi verificada tanto na área de sequeiro quanto na irrigada. A maior influência para a queda foi a redução de área no Mato Grosso e de produtividade no Rio Grande do Sul, os maiores produtores em cada sistema.

Nas terras altas, principalmente no Cerrado, a cultura foi reduzida em decorrência da competição com a soja e do impedimento legal de abertura de novas áreas. Pelo sistema convencional, após derrubar o mato, a primeira cultura utilizada no Cerrado era o arroz.

A falta de logística em algumas regiões, também em razão do aumento da área de soja, que bate um recorde produtivo nessa safra, restringiu o aumento da área orizícola no Centro-oeste e no Sudeste. Segundo o 8º Levantamento da Safra de Grãos da Conab, as maioress estão ocorrendo no Mato Grosso do Sul (23,4%), em Minas Gerais (6,4%) e Mato Grosso (12,0%).

No arroz irrigado as reduções ficam por conta de fatores climáticos no Rio Grande do Sul. O excesso de chuvas, alagamentos e enxurradas que ocorreram durante o período de implantação da cultura, principalmente na Depressão Central e Fronteira Oeste gaúchas, foi determinante para esse comportamento.

A redução de área no Rio Grande do Sul foi de 2,4% e a produtividade deve cair ao redor de 10,5% em relação à safra passada, levando a produção à queda de 12,6%. Assim, o estado, que já representou 63,8% do cereal colhido no Brasil, alcançará 59,6%, um volume ainda expressivo e que irá determinar os rumos do mercado.

Se depender de clima, a tendência é de uma safra bem maior em 2010/2011. A expectativa é de bom volume de água nas barragens e clima muito favorável ao arroz no Sul do Brasil.

 

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