De olho na Média
Diante dos atuais cenários de mercado para o arroz no Brasil, o analista do Irga, Tiago Sarmento Barata, afirma que o posicionamento do produtor de arroz deve ser cauteloso. “Antes de qualquer coisa, cautela é fundamental! O ano 2010/2011 deve ser de preço médio superior ao obtido no ano passado, mas o produtor precisa saber aproveitar as oportunidades”, ensina o analista do Irga.
Segundo Barata, as reduções de safra e estoque privado indicam uma potencial valorização, mas é importante evitar que ocorra apenas nominalmente, quando não há oferta, justificando importações e desova de arroz do estoque público. “O escalonamento da oferta é a estratégia recomendada, pois minimiza os riscos e dá liquidez para o mercado”, avisa.
Ainda segundo Tiago Sarmento Barata, o uso dos mecanismos de comercialização disponibilizados pelo Governo Federal também é um bom recurso para o arrozeiro. “Se ocorrer, a utilização de contratos de opção, a exemplo de 2009, será uma ótima alternativa para garantir uma maior segurança na comercialização de parte da produção”, assegura. Este mecanismo, de acordo com o analista, não apenas “enxuga” a oferta de arroz no mercado, como serve de balizador para os meses futuros, assegurando um referencial importante, normalmente acima do praticado no mercado no primeiro semestre pós-safra (março/agosto).
Mercado oscila,mas 2010 terá uma maior média de preços
O ano comercial 2009/2010 foi de correção dos rumos depois de um período de artificial euforia no primeiro semestre de 2008, quando os preços no mercado doméstico tiveram forte valorização em consequência da alta recorde das cotações internacionais. Segundo o analista do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Tiago Sarmento Barata, ao longo de todo o ano de 2009 o preço foi sustentado pelos resultados comerciais do arroz brasileiro no mercado externo e também pelo comportamento da oferta restrita da matéria-prima nos momentos em que as cotações se afastavam das referências ou metas estabelecidas pelos produtores. “Ou seja, quando o preço da saca de arroz em casca caía, a recuperação ocorria em consequência de um crescimento na demanda do produto para exportação ou pela retração da oferta por parte dos produtores”, cita o analista.
Por outro lado, a valorização do arroz se limitava à capacidade da indústria de beneficiamento em garantir o repasse nas negociações com as redes varejistas. “Isso foi nitidamente observado, por exemplo, em julho e em setembro, quando a recuperação do preço esbarrou na dificuldade da indústria em repassar a alta na venda do fardo de arroz beneficiado”, acrescenta Tiago Sarmento Barata, do Irga.
A cotação da saca de arroz em casca no Rio Grande do Sul iniciou o último trimestre deste ano comercial com uma significativa recuperação, mas a partir da última semana de janeiro houve uma inversão e os preços terminaram o ano apresentando recuo. Apesar da reduzida disponibilidade de produto, a redução dos preços ocorreu por influência de uma retração no interesse de compra da indústria que já havia feito posições nas semanas anteriores e mais uma vez por causa da dificuldade de repasse da valorização nas negociações do beneficiado.
MÉDIA
Ainda segundo Tiago Sarmento Barata, apesar do estoque inicial agora ser levemente maior do que no ano passado, o Brasil começa o ano com o menor estoque privado já visto e com uma safra, segundo a Conab, 8,7% inferior ao ano passado. “Temos aí dois argumentos para justificar a projeção de um ano com preço médio superior ao obtido em 2009/2010, de R$ 27,77 a saca de 50 quilos no Rio Grande do Sul. Quanto ao patamar de preço na entrada da safra, é normal a desvalorização com o aumento da oferta e a recuperação deve ocorrer ao longo do ano, Há, no entanto, que se considerar que o comportamento do preço ao longo do ano deve depender do comportamento da oferta por parte do produtor, que vem neste ano com uma referência de preços valorizados e tem a expectativa de alta ao longo do ano, da paridade de importação e ação governamental”, avalia.
FIQUE DE OLHO
Para o analista do Irga, Tiago Barata, a redução projetada da safra agrava ainda mais uma situação de suprimento enxuto no mercado doméstico e o arroz uruguaio, argentino e paraguaio passa a ser uma alternativa ainda mais importante de abastecimento. A expectativa é da internalização de um milhão a 1,4 milhão de toneladas (base casca), dependendo principalmente das condições do mercado doméstico (oferta e preço), câmbio e mercado internacional. O volume de importação vai interferir diretamente nos preços deste ano e, como já visto no passado, poderá refletir nos estoques, no dimensionamento da safra e no mercado para 2011.