De olho no horizonte

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Prato cheio: produtor espera valorização

Arrozeiro colhe de olho no mercado do arroz em 2009
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Fatores inesperados, como a migração de investimentos internacionais para commo-dities em razão da crise mundial de alimentos, afe-taram o mercado mundial de arroz em 2008, elevaram os preços a patamares nunca antes vistos e refletiram no mercado brasileiro. O país bateu um recorde em exportações. Agora, quando colhe a safra 2008/2009, arrozeiros de todo o Brasil esperam uma conjunção favorável de fatores que mantenha a valorização do produto no mercado interno. 

A expectativa inicial é boa em razão de mais uma safra menor do que o consumo nacional, estoques reguladores baixos em comparação aos anos anteriores e a disponibilização de recursos pelo Banco do Brasil para financiar a comercialização via EGFs. O que pode afetar os preços no Brasil de forma mais substancial é justamente o comportamento do mercado mundial do arroz, que deve ser menor em 2009. Com uma produção mundial superavitária pela primeira vez em mais de cinco anos, a Ásia, que concentra 90% do mercado mundial, deve ir menos às compras. Este fator deve gerar uma acomodação dos mercados.

QUESTÕES – Duas grandes questões estão postas em discussão. A primeira é o direcionamento dos estoques e safras do Mercosul e das próprias vendas brasileiras no mercado interno. Com um mercado mais enxuto, Uruguai e Argentina, que buscaram terceiros clientes em 2008, voltarão a pressionar o mercado brasileiro com suas exportações. E o Brasil ao mesmo tempo reduzirá suas vendas externas. 

Ou seja, há uma possibilidade do resultado da balança comercial do arroz, superavitária no ciclo 2008/2009, ser deficitária em 2009/2010, com o Brasil importando mais do que exporta. Neste caso é importante o esforço para que o país mantenha suas negociações externas e abra novos mercados. Mas a crise mundial afeta as compras internacionais e a valorização do dólar perante o real mudou o perfil das exportações. 

E essa é a segunda grande questão que está colocada: como o comportamento do câmbio e da crise global irá interferir no mercado brasileiro. “O Brasil conseguiu se inserir no mercado mundial de arroz graças a um esforço dos últimos três, quatro anos e hoje o comportamento do mercado internacional afeta os preços internamente de uma forma que não ocorria do início da década para trás”, explica o vice-presidente de mercados da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares.

INDICADORES – Segundo Tavares, há bons indicadores de preços médios nos patamares de 2008 para o produtor brasileiro, mas as entidades setoriais se manterão atentas para fatores inesperados. “Se tiver que acontecer alguma surpresa, que seja favorável, como em 2008”, avisa. Ele lembrou também que além dos R$ 500 milhões em EGFs para a comercialização da safra o setor recebeu garantias do Governo Federal de que mediante necessidade há recursos para outras formas de apoio, como contratos de opções, Pepro e incentivo à exportação. No mercado interno a rede varejista se mantém com compras “da mão para a boca”, ou seja, apenas repondo a mercadoria. Hoje os analistas afirmam que os supermercados não mantêm estoques significativos. “O estoque de arroz das grandes redes está em cima do caminhão”, cita Tiago Sarmento Barata, analista do Irga.

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