De volta ao começo

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Colheita no seco: prática que favorece a antecipação do preparo do solo

Preparo antecipado garante a semeadura na época recomendada, um diferencial para altos rendimentos
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O manejo pós-colheita da lavoura de arroz irrigado não é apenas a operação final de uma safra, mas sim já pode representar as primeiras ações para garantir uma próxima colheita mais eficiente e produtiva. E envolve aspectos importantes, tais como o preparo antecipado do solo, à fertilidade e o controle de plantas daninhas.

“A semeadura na época recomendada é a principal estratégia para se obter altos rendimentos na lavoura de arroz. É na entressafra que o produtor deve manejar a área a ser cultivada, de preferência o mais rápido possível, para poder semear a lavoura do ano seguinte na hora certa”, recomenda o pesquisador do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rodrigo Schoenfeld.

Quando se fala em preparo antecipado do solo, é preciso lembrar que existe uma relação entre a quantidade produzida de grãos e a quantidade de palha incorporada ao solo, que é de 50%-50%. “Se colhermos 10 toneladas de arroz por hectare, ao final teremos 10 toneladas de palha por hectare. E aí que começamos a questionar. Quando se produzia cinco toneladas de grãos por hectare, tínhamos, portanto, cinco toneladas de palha por hectare e o manejo pós-colheita era mais fácil. Aí as lavouras passam a colher sete, oito, 10 e até 12 toneladas de grão por hectare. É evidente que fica difícil preparar a terra com todo esse volume de palha”, compara o pesquisador.

De acordo com Schoenfeld, a palha deve ser incorporada ao solo o mais rápido possível. “Do ponto de vista da fertilidade, nutrientes como o potássio (K), por exemplo, estão todos na palha de arroz após a colheita. A cultura necessita de altas quantidades, porém exporta muito pouco no grão. Dessa forma, até mesmo a água da chuva estaria levando esse nutriente embora. A demora em incorporar a palha ao solo representa perda destes nutrientes”, observa. Uma das práticas recomendadas pela pesquisa para o preparo antecipado do solo é a utilização de rolo faca, que, além de ser um equipamento extremamente eficiente e simples, não envolve grandes investimentos e pode ser feito com estrutura comum e de baixo custo. Além de incorporar a palha, o solo fica praticamente pronto para receber a lavoura no ano seguinte.

“Após o uso do rola faca, é muito importante fazer as obras de drenagem. O inconveniente dessa prática, no entanto, é que ela deve ser feita com um pouco de água dentro dos quadros. E, para quem colhe no seco, é necessário esperar uma boa chuva para poder realizar este serviço adequadamente”, ensina Schoenfeld.

Incorporação da palha: operação importante no preparo antecipado

Tem boi na lavoura
Uma prática muito tradicional na região arrozeira gaúcha é o uso da resteva do arroz para pastejo do gado. Segundo o engenheiro agrônomo Rodrigo Schoenfeld, pesquisador do Irga, a integração lavoura-pecuária é favorável ao manejo antecipado. “É uma prática utilizada há muito tempo na Metade Sul do Rio Grande do Sul. A mudança está na quantidade de animais por área: geralmente, o produtor utiliza baixa lotação, isto é, uma cabeça por hectare ou até menos. Isso, no entanto, termina levando os animais a perderem peso, pois eles passam o inverno todo comendo alimento de baixa qualidade”, avalia.

Schoenfeld explica que a melhor estratégia de utilizar animais para manejo da soqueira é trabalhar com altas lotações, isto é, 10 a 15 animais por hectare. Assim, entre uma semana e 10 dias, eles comeriam essa palha e ainda haveria o efeito do pisoteio incorporando à palha, que, juntamente com urina e fezes, faria a ciclagem de nutrientes. “Logo após, os animais são retirados da área, proporcionando o preparo de solo com grade e plaina”, exemplifica.

Grade & Plaina
Procedimento bastante adotado no manejo pós-colheita, conforme o pesquisador, é utilizar grade e plaina. “Mas isto fica um pouco comprometido quando se tem altas quantidades de palha. Entre a primeira e a segunda gradagem temos que esperar de 30 a 40 dias para realizar essas operações e muitas vezes começa o período de chuvas no inverno e não conseguimos preparar as áreas em tempo de semear na época recomendada. A prática do manejo com os animais citada anteriormente pode ajudar a reduzir a quantidade de palha, viabilizando as gradagens e o aplainamento. Dessecar a soca ajuda bastante na decomposição da palha”, descreve.

Pastejo na resteva: propicia a integração lavoura-pecuária

Controle de ervas daninhas
Nos últimos anos, principalmente no Litoral Norte, Planícies Costeiras Interna e Externa à Lagoa dos Patos e também na Depressão Central, em áreas cultivadas com o sistema Clearfield, tem aumentado o problema de controle de algumas espécies, principalmente de gramíneas.

Entre as práticas recomendadas para o bom manejo dessas áreas, Rodrigo Schoenfeld destaca o preparo de verão, o preparo antecipado de solo e a utilização de controle químico associado ao controle mecânico no início do outono. É o que está sendo chamado de manejo integrado de plantas daninhas de difícil controle.

“Esta técnica consiste na aplicação de herbicidas pré-emergentes junto com a dessecação em ponto de agulha, mesmo no sistema Clearfield. No controle pós-emergente, além dos herbicidas inibidores de Als, podem ser usados outros com diferentes modos de ação, como os inibidores de ACCcase”, aponta. No caso do arroz pré-germinado, o manejo muda na etapa final. Consultar a assistência técnica privada ou pública e os centros de pesquisas de seu estado é importante para tirar dúvidas, esclarecer as ações e aplicar corretamente as recomendações.

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