Demanda acelerada

 Demanda acelerada

Ceolin: peculiaridades dificultam expansão

RS amplia investimentos em armazenagem
para atender a crescente produção de soja, que
ganha mais espaço em áreas tradicionais de arroz
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O avanço da soja em áreas tradicionais de cultivo de arroz no Rio Grande do Sul, especialmente na Metade Sul, está contribuindo para alavancar os investimentos em armazenagem no estado. O espaço ocupado pela oleaginosa na região aumentou quase 200% nos últimos cinco anos e já ultrapassa os 740 mil hectares cultivados, em boa parte, no sistema de rotação com o arroz.

Em todo o RS são plantados 4,9 milhões de hectares com a cultura. Estima-se que na safra 2014/15 a produção possa alcançar o volume de 13 milhões de toneladas, 2 milhões só na Metade Sul, onde se produz arroz. Este fenômeno, na avaliação do consultor Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, está criando uma demanda extraordinária em termos de armazenagem, sustentada por programas do governo federal que facilitaram bastante o acesso de empresas e agricultores ao crédito.

Segundo ele, o estado foi o terceiro melhor em vendas de equipamentos e estruturas de armazenagem em 2014, quando foram adquiridas unidades para armazenar 2,4 milhões de toneladas. “Ficou atrás do Paraná, que adquiriu unidades para 3,7 milhões de toneladas, e do MT, com unidades para 3 milhões de toneladas. Vale lembrar que o RS tem uma característica diferente em relação aos demais estados produtores de soja: aqui se armazena o grão, ou seja, não se escoa diretamente para o porto”, diz o consultor.

Os investimentos, sobretudo em nível de propriedade rural, cresceram de forma mais intensa a partir do ano passado, quando o governo federal implantou o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA). Com 15 anos de prazo para pagamento, carência de três anos e taxa de juros de 4% ao ano, a linha de financiamento contempla não apenas a compra do equipamento, mas também as obras civis e a mão de obra, que juntas correspondem à praticamente metade do gasto para construção das estruturas.

Outra novidade foi a inclusão de empresas produtoras de cereais entre os beneficiários do programa de incentivo à armazenagem, que antes só contemplava os produtores rurais e suas cooperativas. “O governo destinou R$ 5 bilhões para investimentos em armazenagem na safra 2013/2014, sendo R$ 3,5 bilhões para produtores e cooperativas, através do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), e R$ 1 bilhão para cerealistas, através da linha PSI-BK Cerealista”, informa Carlos Cogo.

O superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Glauto Melo Junior, estima que estes novos empreendimentos, bem como a ampliação dos já existentes, pode ter elevado em 20% a capacidade estática de estocagem no RS. Os dados até 2013 da Conab apontam capacidade para guardar 27,3 milhões de toneladas de grãos, incluindo soja, arroz, milho e trigo, o que indicava déficit de 2,2 milhões de toneladas ante uma colheita de mais de 29 milhões de toneladas, como a registrada na safra 2013/2014.

Apesar do crescimento dos investimentos na Metade Sul, a maior capacidade de armazenagem ainda está concentrada no noroeste do estado, onde é produzida quase 50% da safra gaúcha de grãos. Para Carlos Cogo, os investimentos realizados ao longo deste ano colocam o RS em uma situação mais equilibrada se comparada a outros estados, como Mato Grosso e Goiás, onde o déficit de armazenagem é mais acentuado.

A meta do governo é elevar a capacidade nacional de armazenamento em um total de 65 milhões de toneladas. Para isso, está avaliando a possibilidade de ampliar recursos para o financiamento da armazenagem no país no novo Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015 em função da firme demanda vista no segmento desde o final do ano passado.

Para o vice-presidente da Kepler Weber, Olivier Colas, as políticas de incentivo implementadas pelo governo estão trazendo resultados e a demanda tende a aumentar em nível nacional. A empresa é líder no segmento de armazenagem na América do Sul, com mais de 50% desse mercado, e uma das maiores produtoras de sistemas completos de armazenagem de grãos do mundo.

Segundo o executivo, o mercado de equipamentos para armazenagem de grãos no Brasil deve apresentar um crescimento de 25% este ano. Já o faturamento do setor pode chegar a R$ 1,5 bilhão em 2014, contra R$ 1,2 bilhão em 2013.

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