Demanda aquecida, velhos entraves
Logística segue um nó
para a presença brasileira no mercado exterior
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Outra dificuldade está na área da Companhia Estadual de Armazenagem (Cesa), terminal por onde são escoados cerca de 30% das exportações de arroz: o calado só permite carregar navios de até 14 mil toneladas. A expectativa do setor é de que o fluxo dos embarques normalize a partir de agosto. “Passou o período de concorrência com a soja. O ritmo das exportações em casca deve aumentar pela demanda da Venezuela e América Central. Embarcamos um navio em julho e temos outro previsto para agosto. O arroz branco tem bom desempenho em relação a 2013. A demanda de parboilizado pela Nigéria segue pequena. Para atender o Iraque, infelizmente ainda precisamos desenvolver competitividade para concorrer com Uruguai e Argentina”, avalia Alexandre Selk, executivo da Euricom Brasil.
Para o head da plataforma de arroz da Louis Dreyfus Commodities, Matheus Pereira Pinto, a demanda só não é maior porque os preços do arroz brasileiro são altos para o padrão mundial. Desde 2009 no mercado de exportação, a Dreyfus é a maior operadora no mundo do cereal e comercializa 60% do volume do arroz exportado pelo Brasil. “Não se confirmou o caos logístico esperado para este ano. Apesar de alguma dificuldade, realizamos os embarques: 50 mil toneladas pela Cesa e 170 mil pela Tergrasa”, informa.
CONTÊINERES
A movimentação no terminal de contêineres (Tecon) do Porto de Rio Grande, de acordo com o gerente comercial Rodrigo Orsoletta, encerrou o primeiro semestre com crescimento de 34 % em comparação ao mesmo período de 2013. “De janeiro a maio foram embarcados 2.377 contêineres para EUA, Israel, Angola e Cabo Verde”, observa. Com 300 mil metros de área para arroz e ocupando apenas 40% deste espaço, a Tecon movimenta anualmente de 28 a 29 mil contêineres, sendo 26% para exportação. “O arroz é a carga mais embarcada no terminal e tem espaço para crescer”, compara.
Apesar do avanço das exportações, o superintendente do Porto de Rio Grande, Dirceu Lopes, reconheceu em uma palestra em maio passado na Fenarroz, em Cachoeira do Sul, que a logística do arroz é muito mais complexa do que outros grãos e requer maiores cuidados. “Soja é soja e milho é milho, mas o arroz que é exportado tem diversos padrões e tipos, percentuais de quebrados, branco, parboilizado, integral, em casca, subprodutos como canjicão e quirera, que exigem um cuidado e uma logística especial, diferenciada. A adequação para atender a estas demandas leva mais tempo, exige mais da estrutura e maior conhecimento”, reconhece.
FIQUE DE OLHO
Segundo Dirceu Lopes, é importante que o Rio Grande do Sul descubra e impulsione a intermodalidade dos transportes, escoando cargas pela hidrovia, com barcaças, através dos portos de Cachoeira do Sul, Estrela e Porto Alegre até Rio Grande, e por trem, especialmente a partir da fronteira-oeste. “Mas é preciso ter vagões com qualidade e não alguns que chegam em precárias condições no porto, sem condições mínimas de operação e que atrasam todo o processo de carga e descarga”, alerta. Ele reconhece, no entanto, que há toda uma complexidade na mobilização dos segmentos envolvidos e na viabilidade destas operações. “Mas, em algum momento tem que começar”, sinaliza.