Demanda aquecida, velhos entraves

Logística segue um nó
para a presença brasileira no mercado exterior
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A demanda internacional aquecida no primeiro semestre de 2014 gerou dificuldades e exigiu muita criatividade e negociações para as indústrias e tradings embarcarem suas cargas no Porto de Rio Grande. Neste período, a soja, negociada em maiores volumes, tem preferência histórica nos terminais. Desta forma, o arroz sofre com a falta de espaço e oportunidade de embarque nos terminais privados. Ainda assim, uma conciliação setorial conseguiu viabilizar os embarques em 2014 nestas estruturas.

Outra dificuldade está na área da Companhia Estadual de Armazenagem (Cesa), terminal por onde são escoados cerca de 30% das exportações de arroz: o calado só permite carregar navios de até 14 mil toneladas. A expectativa do setor é de que o fluxo dos embarques normalize a partir de agosto. “Passou o período de concorrência com a soja. O ritmo das exportações em casca deve aumentar pela demanda da Venezuela e América Central. Embarcamos um navio em julho e temos outro previsto para agosto. O arroz branco tem bom desempenho em relação a 2013. A demanda de parboilizado pela Nigéria segue pequena. Para atender o Iraque, infelizmente ainda precisamos desenvolver competitividade para concorrer com Uruguai e Argentina”, avalia Alexandre Selk, executivo da Euricom Brasil.

Para o head da plataforma de arroz da Louis Dreyfus Commodities, Matheus Pereira Pinto, a demanda só não é maior porque os preços do arroz brasileiro são altos para o padrão mundial. Desde 2009 no mercado de exportação, a Dreyfus é a maior operadora no mundo do cereal e comercializa 60% do volume do arroz exportado pelo Brasil. “Não se confirmou o caos logístico esperado para este ano. Apesar de alguma dificuldade, realizamos os embarques: 50 mil toneladas pela Cesa e 170 mil pela Tergrasa”, informa.

CONTÊINERES
A movimentação no terminal de contêineres (Tecon) do Porto de Rio Grande, de acordo com o gerente comercial Rodrigo Orsoletta, encerrou o primeiro semestre com crescimento de 34 % em comparação ao mesmo período de 2013. “De janeiro a maio foram embarcados 2.377 contêineres para EUA, Israel, Angola e Cabo Verde”, observa. Com 300 mil metros de área para arroz e ocupando apenas 40% deste espaço, a Tecon movimenta anualmente de 28 a 29 mil contêineres, sendo 26% para exportação. “O arroz é a carga mais embarcada no terminal e tem espaço para crescer”, compara.

Apesar do avanço das exportações, o superintendente do Porto de Rio Grande, Dirceu Lopes, reconheceu em uma palestra em maio passado na Fenarroz, em Cachoeira do Sul, que a logística do arroz é muito mais complexa do que outros grãos e requer maiores cuidados. “Soja é soja e milho é milho, mas o arroz que é exportado tem diversos padrões e tipos, percentuais de quebrados, branco, parboilizado, integral, em casca, subprodutos como canjicão e quirera, que exigem um cuidado e uma logística especial, diferenciada. A adequação para atender a estas demandas leva mais tempo, exige mais da estrutura e maior conhecimento”, reconhece.

FIQUE DE OLHO
Segundo Dirceu Lopes, é importante que o Rio Grande do Sul descubra e impulsione a intermodalidade dos transportes, escoando cargas pela hidrovia, com barcaças, através dos portos de Cachoeira do Sul, Estrela e Porto Alegre até Rio Grande, e por trem, especialmente a partir da fronteira-oeste. “Mas é preciso ter vagões com qualidade e não alguns que chegam em precárias condições no porto, sem condições mínimas de operação e que atrasam todo o processo de carga e descarga”, alerta. Ele reconhece, no entanto, que há toda uma complexidade na mobilização dos segmentos envolvidos e na viabilidade destas operações. “Mas, em algum momento tem que começar”, sinaliza.

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