Devagar se vai ao mundo

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Exportações começaram lentas, mas o cenário tende a melhorar

 

Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil arrancou o ano comercial – a partir de março – em dificuldades para se posicionar no mercado internacional. O câmbio, os altos custos do frete marítimo e a relação entre os preços internos e externos favoreceram mais a importação do que as vendas até o fim de junho, quando o câmbio voltou a sinalizar valorização do dólar e condição mais favorável às remessas brasileiras.

O temor de uma queda maior na produção e a falta de oferta em março/abril gerou oportunidade e relativa necessidade de compra de arroz no Mercosul.

Entre janeiro e junho, o país exportou 690,3 mil toneladas e adquiriu 600,7 mil, com o saldo de 89,6 mil t. No ano comercial, entre março e junho, o resultado é negativo em 77,2 mil toneladas, embarcando 419,2 mil t e adquirindo 496,4.

A Conab projeta que o Brasil importe um milhão de toneladas e exporte 1,3 milhão, base casca. Segundo o MDIC, de janeiro a junho de 2022, com ótimo desempenho em janeiro e fevereiro, o Brasil exportou 46% a mais que em igual período de 2021. Em receita, auferiu US$ 202,1 milhões, 28,4% superior a igual período de 2021.

Segundo o Cepea/Esalq, exportadores brasileiros receberam, em média, US$ 281,57/tonelada em jun/22, o equivalente a R$ 71,24/saca de 50 kg FOB (Free On Board) no porto de exportação.

O valor médio FOB origem do arroz importado, por sua vez, foi de US$ 293,53/t, ou de R$ 74,26/sc de 50 kg. Vale lembrar que, em junho/22, a média da moeda norte-americana foi de R$ 5,06.

Sondagem
“A sondagem dos importadores é permanente, mas nem sempre temos as condições competitivas de fechar negócio, mesmo com melhor qualidade que a Ásia e a América do Norte”, explicou Marco Aurélio Amaral Jr., trader e presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz Parboilizado (Abiap). Ele acredita em um segundo semestre melhor.

Percio Greco, trader da Rice Brazil, efetivou negócios de arroz em casca para o México e América Central, que serão embarcados até fim de agosto.

Para ele, a janela de negócios do Brasil, neste momento, é curta, pois, no fim de agosto, começa a entrar a safra norte-americana, que, para grãos longos, será 3,3% menor em área, mas, em função de problemas climáticos, poderá cair até 5%. Será a segunda temporada de queda na oferta norte-americana.

Beneiciado seguef na luta

O comércio brasileiro de arroz beneficiado para o exterior vive um momento de dificuldade. A falta de contêineres e o seu altíssimo custo exigiram criatividade das indústrias brasileiras, que precisaram se adaptar ao transporte da mercadoria em porão de navio. Assim, garantiram ao menos em parte a presença entre os clientes.

Mudanças nas regras de importação e tarifas no Peru travaram o franco avanço que o arroz brasileiro alcançava nesse país de alta demanda e ótima remuneração para o grão branco.

O novo sistema adotado, ainda que mais competitivo que os contêineres, tem a logística complexa, e somado às travas comerciais, diminuiu os volumes de negócios.

O Brasil perdeu espaço para o competitivo arroz uruguaio no país andino. Havia avançado justamente sobre esse concorrente.

Outro problema foi a saída do Iraque do rol de clientes das américas. Tradicional comprador de grão de alta qualidade, mas em crise, o país árabe dá preferência pelos preços competitivos da Ásia.

Fique de olho
Na relação de negócios, em 2022, até agora, o Brasil adquire 56% do arroz beneficiado, 4.3% em casca, 35,5% integral (descascado) e 4,2% de quebrado. A exportação soma 22% de arroz beneficiado, 14% em casca, quase zero de integral e 64% de quebrado. Ou seja, para cada tonelada de arroz em casca, beneficiado e integral exportado, o Brasil embarca o dobro de canjicão, quirera e farinhas. No início de julho, indústrias, tradings e corretoras se reuniram para tentar fechar um barco de integral para a Europa, mas tinham dificuldades com o nível de exigência dos clientes.

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