Digestibilidade do farelo de arroz parboilizado para leitões na fase de creche

Autoria: Aquino,T.M.F.(2)*; Watanabe(3), P.H.; Carvalho(3), L.E.; Nepomuceno(4), R.C.; Oliveira(4), E.L.; Ellery(2), E.A.C.; Gomes(4), T.R.; Pereira(5), A.S.; Aguiar,(5) G.C.; Santos, K.M.(5).

Digestibilidade do farelo de arroz parboilizado para leitões na fase de creche

Aquino,T.M.F.(2)*; Watanabe(3), P.H.; Carvalho(3), L.E.; Nepomuceno(4), R.C.; Oliveira(4), E.L.; Ellery(2), E.A.C.; Gomes(4), T.R.; Pereira(5), A.S.; Aguiar,(5) G.C.; Santos, K.M.(5)

(1)Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor.

(2)Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza/CE-Brasil. E-mail: tercia_aquino@yahoo.com.br, everardo.ellery@zootecnista.com.br (3)Professor Doutor, Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza/CE-Brasil. E-mail: pedro_watanabe@yahoo.com.br, leuquerio@yahoo.com.br (4)Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza/CE-Brasil. E-mail: rafaelnepous@yahoo.com.br, lima.emanuela@gmail.com, thalleszoo@yahoo.com.br (5)Graduando do Curso de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza/CE-Brasil. E-mail: anderson.pereiraaa@gmail.com, germana_aguiar.02@hotmail.com

INTRODUÇÃO

Em virtude da alimentação de suínos sustentar-se basicamente na utilização do milho e do farelo de soja e da oscilação dos preços destes ingredientes, as pesquisas relacionadas à busca por ingredientes alternativos são constantes. A diversidade de alimentos e seus subprodutos utilizados na formulação de rações são indicativos da necessidade de se conhecer os seus valores nutritivos e energéticos, objetivando melhor aproveitamento e utilização de forma mais racional, sendo que a precisão dos valores de composição química, energética e digestibilidade de nutrientes, além de necessária, são primordiais na busca da redução dos custos e de uma melhor produtividade (2).

A análise química, somente, não é capaz de determinar um bom desempenho zootécnico para o animal, por isso se faz necessário a determinação da digestibilidade dos ingredientes da ração para que se consiga atingir as exigências nutricionais.Com isso, foi realizado um ensaio para avaliação nutricional e energética do farelo de arroz parboilizado, com o objetivo de determinar os nutrientes, energia digestível e metabolizável deste ingrediente para leitões na fase de creche.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Setor de Suinocultura da Universidade Federal do Ceará. Foram utilizados 14 leitões machos castrados, de linhagem comercial, com peso inicial de 17,2±1,02 kg. Os animais foram alojados em gaiolas metabólicas. Ao início do ensaio, os animais foram pesados e distribuídos entre os tratamentos, os quais foram constituídos por duas dietas:

Ração referência: formulada para atender as exigências nutricionais mínimas para suínos machos castrados de alto potencial genético (7), com o peso vivo de 15 a 30 kg, sendo constituída basicamente por milho, farelo de soja, soro de leite permeado pó e açúcar.

Ração teste: dieta composta por 70% da dieta referência e 30% de farelo de arroz parboilizado.

O experimento teve duração de 12 dias, sendo os sete primeiros para adaptação dos animais às gaiolas e determinação do consumo de ração e os cinco finais para as coletas de fezes e urina.

A quantidade de ração fornecida no período de coleta de fezes foi definida de acordo com o menor consumo obtido durante o período de adaptação, baseado no peso metabólico (kg0,75) de cada tratamento. Foi utilizado o óxido férrico (Fe2O3) 1%, como marcador fecal, para determinar o início e o final do período de coleta. Procedeu-se o método de coleta total de fezes, as quais foram coletadas e pesadas em sacos plásticos duas vezes ao dia, sendo armazenadas em freezer a -8º C para posterior análise.

A urina foi coletada em baldes plásticos, contendo 20 mL de solução 1:1, de água destilada e ácido clorídrico, sendo o volume de urina produzido, mensurado e retirado uma alíquota de 20%, uma vez ao dia, que foi mantida congelada.

Os ingredientes, as rações e as fezes, foram analisados no Laboratório de Nutrição Animal (LANA) do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, sendo determinados os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM) (9); fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) (13).

A partir dos valores de MS, PB, FDN, FDA, MM, EE e EB, determinados pelas análises, foram calculados os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes e da energia metabolizável do farelo de arroz parboilizado (8).

Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizados, com 2 tratamentos e 7 repetições por tratamento, sendo a unidade experimental constituída por um animal. Os dados obtidos, após serem analisados quanto à homogeneidade de variâncias através do teste Levene a 5%, e as médias comparadas pelo teste F (11).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 encontram-se a composição química e os coeficientes de digestibilidade e metabolizabilidade do FAP para leitões. Observa-se que este ingrediente apresentou coeficiente de digestibilidade da MS reduzido, estando próximo a 60%. Tal resultado encontrado pode ser devido ao nível mais elevado de FDA na dieta, e uma maior quantidade de fibra tende a diminuir a digestibilidade nutricional (6). Assim, o alto teor de fibra pode aumentar a taxa de passagem do alimento no trato gastrintestinal, reduzindo a absorção dos nutrientes (5). Em consequência, geralmente observa-se relação inversa entre a fração de fibra presente na dieta e a digestibilidade da matéria seca (4).

O valor observado para energia metabolizável foi de 2.321kcal/kg, sendo este menor do que os dos outros subprodutos do arroz como quirera, farelo de arroz integral e farelo de arroz desengordurado, 3.491, 3.111, 2.450kcal/kg (7). Tal resultado pode ser explicado pela concentração de PNA, principalmente os arabinoxilanos encontrados em maior quantidade no farelo de arroz, e devido a sua presença pode causar uma redução linear na energia metabolizáevel (3;1).

O alto teor de extrato etéreo na composição do farelo de arroz parboilizado (FAP) utilizado na pesquisa pode ser porque o FAP pode apresentar teores de lipídios maiores que no farelo de arroz integral, devido à quase total ausência de amido (10). Apesar do elevado teor de extrato etéreo no farelo de arroz parboilizado, observa-se que este subproduto apresentou menor energia metabolizável quando comparado a outros subprodutos do arroz podendo estar relacionado com o efeito negativo da estabilização do farelo por aquecimento através do processo de parboilização, o qual realça as ligações das proteínas e carboidratos, o que dificultaria o aproveitamento destes (12).

CONCLUSÃO

O farelo de arroz parboilizado apresenta 93,74% de MS; 3,12% de MM; 17,15% de PB; 33,75% de FDN; 15,91% de FDA, 27,33% de EE e 2321,08 kcal EM/kg e coeficientes de digestibilidade da MS, MM, PB, FDN, FDA e EE de 61,61; 4,23; 8,45; 45,72; 91,30; 64,39 e 56,49%, respectivamente.

REFERENCIAS

(1) ADRIZAL, P.E.P.; SELL, J.L. Utilization of defatted rice bran by broiler chickens. Poultry Science, Champaign, v.75, n.8, p.1012-1017. 1996.

(2) AZEVEDO, D.M.S. Fatores que afetam os valores de energia metabolizável da farinha de carne e ossos para aves. Dissertação (Mestrado) 1996. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 68 p., 1996.

(3) CHOCT, M.; ANNISON, G. Anti-nutritive activity of wheat pentosans in poultry diets. British Poultry Science, v.31: 809-819. 1990.

(4) KING, R.H.; TAVERNER, M.R. Prediction of the digestible energy in pig diets from analyses of fiber contents. Animal Production, Edimburgh, v.21, p.275-284, Dec. 1975.

(5) Le GOFF G., VAN MILGEN J.; NOBLET, J. Influence of dietary fibre on digestive utilization and rate of passage in growing pigs, finishing pigs and adult sows. Animal Science. 74: 503-515. 2002.

(6) LOKAEWMANEE, K.; KANTO, U.; JUTTUPORNPONG, S.; et al. Digestibility and metabolizable energy values of processed cassava chips for growing and finishing pigs. Tropical Animal Health Production. 43:377–381. 2011.

(7) ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; et al. Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos: composição dos alimentos e exigências nutricionais. 3. ed., Viçosa: UFV, 2011, 252p.

(8) SAKOMURA, N.K.; ROSTAGNO, H.S. Métodos de Pesquisa em Nutrição de Monogástricos, Jaboticabal: FUNEP, 2007, 283p.

(9) SILVA, F. A. M.; QUEIRÓZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa: UFV, 2002, 235p.

(10) SILVA, M. A.; SANCHES, C.; AMANTE, E. R. Farelo de arroz composição e propriedades. Óleos & grãos. Julho/agosto, 2001.

(11) STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM – SAS. System for Microsoft Windows. Release 9.2.

(12) TANG, S.; HETTIARACHCHY, N.S.; SHELLHAMMER, T.H. Protein extraction from heat-stabilized defatted rice bran. 1. Physical processing and enzyme treatments. Journal of Agricultural and Food Chemistry. v. 50, p. 7444-7448, 2002.

(13) VAN SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal Dairy Science, Champaign, v. 74, p. 3583-3597, 1991.

Tabela 1. Composição química, coeficientes de digestibilidade e metabolizabilidade, nutrientes digestíveis e energia metabolizável do farelo de arroz parboilizado.

Nutrientes    Composição      Coeficientes de Digestibilidade    Nutrientes digestíveis

e energia¹    química               e metabolizabilidade                       e Energia Metabolizável

MS (%)           93,74                          61,61                                                   57,75
MM (%)           3,12                            4,23                                                      0,13
FDN (%)         33,75                          8,45                                                     2,85
FDA (%)         15,91                          45,72                                                    7,18
EE (%)            27,33                         91,30                                                     24,95
PB (%)           17,15                          64,39                                                     11,04
EB (kcal/kg)   4108,62                    56,49                                                     2321,08

¹MS(%)= Matéria seca; MM(%)= Matéria mineral; FDN(%)= Fibra em detergente neutro; FDA(%)= Fibra em detergente ácido; EE(%)= Extrato etéreo; PB(%)= Proteína bruta; EB(kcal/kg)= Energia bruta.

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