Direto ao ponto

 Direto ao ponto

Integração de sistemas,
economia de recursos e
estabilidade produtiva
são benefícios do pivô

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 Quando começou a experiência com o sistema de irrigação no início dos anos 2000, a meta de Werner Arns, pioneiro no sistema com o irmão Walter, era trabalhar com plantio direto, sem revolvimento do solo ou colheita no barro e os efeitos negativos que isso provoca no piso da lavoura e sem a construção de tantas taipas, obrigatórias em áreas levemente onduladas, como é o caso da Fronteira Oeste. “Começamos com canhões e variedades de sequeiro, mas conseguimos um pivô de dois hectares e descobrimos que a cultivar irrigada vai melhor que o sequeiro nessas condições”, afirma.

No primeiro ano de pivô a colheita rendeu nove mil quilos por hectare com a variedade BRS 7 Taim, da Embrapa. Então, adquiriram um pivô para cobrir 90 hectares. “As vantagens são inúmeras. É possível colher no seco e a ausência de taipas facilita a implantação da cobertura de inverno e a rotação com culturas, como soja, milho e sorgo”, acrescenta. O modelo alterna o cultivo de soja e arroz nos cortes a cada ano, pastagens para a pecuária, com ótimos resultados e ganho de peso dos animais.

Neste esquema uma grande vantagem é que o arrozeiro tem o controle da água “na mão”, ou seja, consegue manejar e potencializar o uso dos recursos hídricos disponíveis. “Usamos metade da água que usaríamos na irrigação tradicional”, revela. Werner Arns lembra que nem tudo foi um mar de rosas para chegar no patamar atual de redução de custos de produção, eficiência produtiva e adaptação dos sistemas de cultivo e produção.

Ele enfatiza que há limitações, como a necessidade de encascalhar caminhos por onde passam as torres do pivô para evitar que atole, e isso tem custo. “Fazendo bem feito, é preciso dar manutenção a cada dois, três anos. É importante porque a máquina não pode parar”, alerta. Lembra também que é uma lavoura muito tecnificada, que precisa de uma boa consultoria agronômica e o equipamento deve ser adquirido de uma empresa com assistência técnica pós-venda eficiente.

Apesar dos bons resultados, Werner Arns, que recebeu nos Estados Unidos um prêmio mundial por seu pioneirismo e a proeza de produzir arroz nestes moldes, entende que ainda há um bom espaço para crescer em termos de economia e rendimento por área, o que deve ser suprido com o avanço das pesquisas. Atualmente, há cerca de quatro mil hectares cultivados sob pivô em Uruguaiana, Itaqui, São Borga, Bagé, Dom Pedrito e Hulha Negra. As produtividades médias se mantêm acima de oito mil quilos.

FIQUE DE OLHO
Nos últimos anos, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) dedicaram-se a estudar o sistema de produção de arroz com pivô central para monitorar a produção de gás metano, um dos gases do efeito estufa, e compará-la com a produção em sistema de cultivo irrigado por inundação. A conclusão é de que a emissão de gás metano das lavouras com pivô central é mínima. “Recebemos uma visita de pesquisadores dos Estados Unidos que não esconderam o interesse e acharam muito positivos estes resultados. É um tema que tem sido observado com atenção naquele país”, aponta Werner Arns.

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