Dólar mais fraco direcionou negócios ao mercado doméstico
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) Depois de surfar em um pico de alta do dólar, que beirou os R$ 5,50 em julho, o mercado de exportação de arroz do Brasil sentiu o baque da queda da moeda norte americana abaixo de R$ 5,20 e também recuou nos últimos dias do mês. Embora as negociações ocorram com o travamento da cotação, a flutuação cambial dificulta a efetivação dos negócios. A paridade de exportação pressiona as cotações.
Com isso, os produtores que vinham resistindo a vender para o mercado interno, acabaram mais sensíveis aos negócios para atender à demanda interna, ainda que sustentando a pedida em valores iguais ou mais altos. E ainda num quadro de oferta muito ajustado à demanda. Não há “sobreoferta”, embora a colheita tenha sido boa, as exportações mais fracas e as importações mais fortes por motivos cambiais, em especial, no primeiro semestre.
Mesmo que neste cenário, as cotações do arroz permaneceram em alta e o Indicador de Preços do Arroz em Casca no RS, mantido pelo Cepea/Irga, marcou 5,1% de valorização nas cotações do grão 58×10. A semana é de movimentação no porto de Rio Grande com embarques para a América Central e a América do Norte. Segundo o Cepea, o posicionamento dos compradores divergiu, tanto para atender à demanda interna quanto à externa.
Parte das unidades domésticas de beneficiamento seguiu com a demanda firme, reportando relativa melhora nas vendas do beneficiado nos últimos dias – mesmo sem repassar totalmente os custos da matéria-prima ao preço final –, enquanto outras não demonstraram intenção de compra, devido ao custo elevado e aos bons volumes estocados.
“Do lado das tradings, colaboradores do Cepea reportaram que algumas se mostraram ativas para a compra de lotes, no intuito de complementar cargas para exportação no Porto de Rio Grande – segundo esses colaboradores, contratos devem ser entregues nos terminais portuários até setembro de 2022, envolvendo volumes que já foram efetivados”, diz o relatório.
MÉDIAS
No spot, a média de preços no Rio Grande do Sul alcançou R$ 76,36/sc, 5,1% superior à de junho/22, em termos nominais. Em termos regionais, os valores médios de julho superaram os de junho em 5% em praticamente todas as praças. Na Planície Costeira Externa, Zona Sul, Planície Costeira Interna, Fronteira Oeste, Campanha e Depressão Central, as médias mensais fecharam a R$ 78,28/sc, R$ 78,21/sc, R$ 77,68/sc, R$ 76,20/sc, R$ 73,68/sc e R$ 73,62/sc, respectivamente.
Para os demais rendimentos acompanhados pelo Cepea, a média de preços para o produto com 63 a 65% de grãos inteiros subiu 5,33% entre jun/22 e jul/22, a R$ 77,35/sc no mês passado. Para os grãos com 59 a 62% de inteiros, a alta foi de 5,18%, para R$ 77,04/sc. E no produto com 50 a 57% de inteiros, a valorização foi de 5,1% no mesmo período, a R$ 74,41/sc em julho/22.
Entre os dias 22 e 29 de julho, o dólar caiu 5,87%, encerrando o mês a R$ 5,18. No entanto, no acumulado mensal (de 30 de junho a 29 de julho), a queda foi de apenas 1%, e no acumulado anual (de 30 de dezembro de 2021 a 29 de julho de 2022), de fortes 7,12%.
VAREJO
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15, considerado uma prévia da inflação), divulgado pelo IBGE no dia 26, foi de 0,13% em julho. Especificamente para o arroz, entre 14 de junho e 13 de julho de 2022, os dados do IPCA-15 apontam queda de 0,45% na média nacional em relação ao período entre 14 de maio e 13 de junho deste ano – este é o segundo mês consecutivo de redução. Já no acumulado de 2022 (de janeiro a julho), observa-se elevação de 0,36%.
3 Comentários
E segue a narrativa que a colheita foi boa! Temos varias cidades pagando R$ 78/82 já na zona sul! Se tivessemos colhido 7.7 milhoes de toneladas como tanto falam somado as importaçoes os preços não estariam nem em R$ 70… Estive em SP e os preços nos mercado das marcas tradicionais oscilam entre R$ 24/27 o pacote de 5 kg. Pude perceber que marcas como Palmares e Dona Milú estão saindo por R$ 15 o pacote de 5 kg… Não consigo entender como essas marcas conseguem colocar o produto tão barato por aqui? Isso tem trancado as vendas na ponta! E retraindo a aceleração de vendas no mercado interno!
Só fica a dúvida, dá onde o caro amigo Claiton tirou q safra foi boa, com toda seca q houve e depois frio e enchentes. Acredito apenas em poucas parte do RS, e quem tivesse barragem pra aguar o arroz.
Caros Ederson/Evandro.
Percebo que ambos tiveram inúmeras dificuldades em suas áreas. Mas, uma safra de 7,7 milhões de toneladas em 950 mil hectares – informada pelo Irga, que sempre indica dados muito precisos – é muito boa em qualquer lugar do mundo. Mas, se qualquer um dos amigos tiver um levantamento que se contraponha a isso, nos moldes do que faz o Irga ou com critérios científicos e matemáticos aceitáveis, estou disponível para publicá-lo. Desta forma, creio que ninguém questionará suas informações. Obrigado, grande abraço. Continuem nos prestigiando com seus sempre pertinentes comentários. Cleiton.