E o custo lá em cima

 E o custo lá em cima

Produtor precisa vender a saca a R$ 34,00 para lucrar
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O produtor de arroz irrigado do Rio Grande do Sul precisa de preços médios no mínimo superiores a R$ 34,00 para obter 91 centavos de lucro na comercialização de uma saca de arroz. A conclusão é do estudo divulgado pelo Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) no início de 2009, indicando o custo médio ponderado de produção para a lavoura de arroz com preços referenciais de novembro de 2008. A saca de 50 quilos de arroz produzida na lavoura irrigada gaúcha custou neste mês de referência R$ 33,09. 

O valor indicado está acima dos preços praticados no mercado em 2009, segundo dados do Cepea/Esalq/USP e BM&FBo-vespa. No dia 13 de fevereiro este índice apontou preço médio de R$ 31,32 para esta saca de arroz. Pelo Estatuto da Terra, que determina que um agricultor tem o direito de comercializar seu produto com 30% de lucro sobre o custo de produção, uma saca de arroz deveria estar valendo R$ 43,00. Claro que dentro do custo médio existem produtores que gastam ainda mais e outros um pouco menos para produzir. Mas este fator depende dos investimentos realizados na estrutura da lavoura e também em tecnologias.

MUDANÇAS – Segundo o estudo do Irga, entre as principais mudanças identificadas está o incremento do sistema de cultivo mínimo. O presidente do Irga, Maurício Fischer, destaca que esta técnica é utilizada em 70% da área do estado. O método de cálculo levou em conta as novas recomendações de manejo para alta produtividade, revisando as doses recomendadas de adubação de base dos 200 para 270 quilos/hectare da fórmula 05.20.30. Também foram consideradas as mudanças na adubação de cobertura, levando em conta duas aplicações que totalizaram 200 quilos/hectare. Em contrapartida, a densidade de semeadura foi reduzida de 170 para 120 quilos por hectare.

 

Desempenho positivo

Mesmo com quedas no último trimestre do ano, a cotação média de arroz em 2008 no Rio Grande do Sul ficou 35,1% acima da apurada em 2007, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). O estudo mostrou que durante todo o ano passado o valor médio mensal foi superior, em termos reais, ao histórico que o Cepea mede desde setembro de 2005. 

No ano civil as exportações de arroz aumentaram 153,5%, ante 2007, para 749,8 mil toneladas. A receita em dólares cresceu 484%, para 311,6 milhões de dólares, num valor médio de 20,78 dólares a saca, em comparação aos 9,01 dólares a saca praticados nas exportações em 2007. Esta variação positiva, no entanto, pode ser explicada pela venda de produtos de maior valor agregado, como branco beneficiado e parboilizado, e pelas cotações internacionais mais elevadas. O perfil das exportações mudou bastante, já que em 2005, 2006 e 2007 predominavam os quebrados de arroz (quirera e canjicão). O comportamento do mercado também foi afetado por choques de demanda na Ásia, indica o relatório do Cepea/Esalq/USP.

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