Efeito dominó

 Efeito dominó

Terras altas: produção e qualidade em crescimento, mas preços em queda

Produtores do MT sofrem com desvalorização
do mercado de arroz
.

Com uma produção estimada em 786 mil toneladas de arroz na safra 2010/11, de acordo com dados divulgados pela Companhia Estadual de Abastecimento (Conab) em julho, o Mato Grosso registrou um incremento de 5,8% em relação à temporada anterior, quando foram colhidas 742,7 mil toneladas do cereal.

O impacto desse crescimento, no entanto, colocou os orizicultores do estado em uma situação muito semelhante a que está sendo vivenciada pelos agricultores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina: a desvalorização do produto no mercado nacional, a queda na renda do produtor e, consequentemente, a falta de investimentos da porteira para dentro.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Mato Grosso (Sindarroz-MT), Ivo Fernandes Mendonça, o preço da saca de 60 quilos já registra uma queda de 17% em relação à safra anterior. “Em 2010, o produtor costumava  comercializar a saca de arroz ao preço médio de R$ 35,00 e atualmente não chega a R$ 29,00”, observa. Na avaliação do dirigente, a valorização do grão no ano anterior fez aumentar a produção da safra atual e os preços baixos refletem o excesso de oferta no mercado.

Conforme Mendonça, a estimativa lógica é que essa queda no valor provoque uma quebra na próxima safra, que inicia em fevereiro do ano que vem, mas ainda é cedo para traçar um cenário mais preciso sobre o futuro da cultura no estado. Ainda assim, ele acredita que o Mato Grosso não deverá voltar a ser o segundo maior produtor de arroz do país. “Temos outra vocação econômica voltada para a soja, milho, algodão e carnes. Além disso, a produção é suficiente para atender à demanda consumidora estadual, que fica entre 250 mil e 350 mil toneladas”, conclui.

Para o engenheiro agrônomo da AgroNorte Pesquisas e Sementes, Mairson Santana, também é prematura qualquer projeção sobre a próxima safra. “Se houver uma recuperação dos preços no segundo semestre, a tendência é de que os produtores voltem a investir na cultura. Há muitas áreas de renovação de pastagem e de soja que precisam de calcário e onde o arroz entra para fazer o rodízio”, observa.

De acordo com Santana, a partir das primeiras chuvas de setembro e outubro, os produtores terão de três a quatro meses para decidir o rumo que terá a safra 2011/12. A tendência, segundo ele, é de que a área cultivada com arroz – estimada em 252 mil hectares pela Conab – se mantenha estável. O mesmo vale para os volumes produzidos. “O Mato Grosso e os estados vizinhos absorvem todo o arroz produzido aqui”, informa.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter