Efeito indireto

A lavoura gaúcha de arroz apresenta peculiaridades que dificultam a expansão da armazenagem em nível de propriedade

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Embora o grosso dos investimentos em armazenagem no estado tenha como foco a produção de soja, a cultura do arroz, mesmo em menor escala, também está sendo beneficiada com as políticas de incentivo do governo. “Muitos produtores estão aproveitando as facilidades de financiamento para adquirir novos silos ou mesmo para ampliar as unidades já existentes, mas a lavoura gaúcha de arroz apresenta algumas peculiaridades que dificultam a expansão da armazenagem, sobretudo em nível de propriedade rural”, observa Nelsi Ceolin, um dos oito sócios-proprietários do Condomínio Agropecuário Ceolin, em Uruguaiana (RS).

Ele explica que embora esta tendência venha sendo seguida por médios e grandes produtores da Região da Fronteira, de um modo geral, a cultura do arroz no RS se caracteriza por praticamente 60% dos produtores plantarem em terras arrendadas e somente 40% em áreas próprias. “Para quem arrenda, portanto, fica mais difícil investir”, argumenta.

De acordo com Ceolin, os investimentos nas mais de 10 propriedades que integram o condomínio agropecuário que leva o nome da família foram direcionados na ampliação das unidades de armazenagem. “Viemos para Uruguaiana em 1975 para começar um engenho de arroz e posteriormente fomos para a lavoura, onde atualmente plantamos, em média, 10 mil hectares de arroz a cada safra. Começamos a investir em armazenagem em 2005, visando atender o crescimento da produção e dar mais agilidade ao recebimento da colheita. Havíamos investido pesado em maquinários modernos, o que nos proporcionou colheitas recordes. Plantávamos uma lavoura em 20 dias e colhíamos em 40. No entanto, a secagem e a armazenagem tornaram-se grandes gargalos. Durante a colheita era preciso parar as máquinas às 16 horas porque não tínhamos capacidade de recebimento”, relata.

ESTRUTURA
A estrutura atual, financiada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conforme Ceolin, conta com três unidades de secagem, classificação e armazenagem com capacidade para 1.600.000 sacas ou 85 mil toneladas.

“Com isso ampliamos nossa capacidade de recebimento para 3 mil toneladas ao dia. Produzimos anualmente 95 mil toneladas de arroz, ou seja, ainda temos um déficit de 10 mil toneladas, mas que é perfeitamente administrável. Nosso foco continua sendo a lavoura, mas estamos reestruturando a indústria, cuja capacidade de beneficiamento é de 50 mil toneladas por ano, para dar suporte às exportações”, diz o produtor.

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