Efeito Mercosul

 Efeito Mercosul

Paraguai neutraliza redução de área e de produção argentina e uruguaia. E sua opção é vender para o Brasil
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Juntos, os três países produtores de arroz parceiros do Brasil no Mercado Comum do Sul (Mercosul) e seus principais fornecedores externos – Argentina, Paraguai e Uruguai – registram uma pequena redução na área que está sendo colhida na temporada 2017/18. Mas, motivados e com foco quase exclusivo no mercado brasileiro, os paraguaios praticamente neutralizaram a retração produzida por seus vizinhos uruguaios e argentinos, que foram pressionados pela disparada do custo de produção, em especial de energia elétrica e combustíveis, em 2017.

A área total cultivada nos três países deve somar 515,3 mil hectares, 0,6% a menos do que na temporada passada. Argentina e Uruguai reduziram 3,2% e 4,7%, respectivamente, a superfície semeada para 198 mil hectares e 156,3 mil hectares. Em contrapartida, as lavouras guaranis aumentaram 7%, para 161 hectares, superando o tamanho da área uruguaia, que é a mais tradicional das três nações na orizicultura.

As produções argentina e uruguaia estão apontando uma retração de 1,3% e 5,6%, para 1,31 e 1,32 milhão de toneladas, respectivamente. Os números ainda podem mudar porque Corrientes e Entre Ríos, as duas províncias de maior produção na Argentina, enfrentaram enchentes e perdas em lavouras entre dezembro e janeiro. Os paraguaios estão colhendo 1,08 milhão de toneladas, um avanço de 5% sobre a temporada anterior. Por isso, haverá uma queda de apenas 1,7% na projeção de colheita dos três países, segundo seus organismos estatísticos governamentais.

Diante deste cenário – e com a intervenção do governo brasileiro no mercado enxugando a oferta e segurando a queda dos preços, estabelecendo um novo patamar referencial ao mercado –, a expectativa é de que o Paraguai continue escoando mais de 50% de sua safra para o Brasil e que a cadeia produtiva nacional do grão estabeleça um forte embate contra as assimetrias do Mercosul no meio político e judicial. Hoje, o produto importado – além do menor custo de produção (em torno de 7 dólares) pelo acesso a insumos genéricos, menores taxas e impostos – ainda goza de isenções tributárias em estados como São Paulo e Minas Gerais, enquanto o arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina é sobretaxado. Além disso, sem saída para o mar, a nação guarani está obrigada a vender para o Brasil.

O trabalho firme das entidades setoriais gaúchas e o retorno dado pelo governo federal com mecanismos de comercialização devem balizar os preços do arroz pelo menos no preço mínimo de R$ 36,01 por saca. E isso, para os paraguaios será bom, pois também baliza suas margens. Mesmo que direcione mais de 1 milhão de toneladas para exportação em 2018/19 graças à intervenção federal, a expectativa é de que, em função da reação de preços no mercado interno, o Brasil importe de 750 mil a 1 milhão de toneladas de arroz dos vizinhos. Com parte das lavouras em zona de transição tropical para temperada, o Paraguai começou a colheita ainda na primeira quinzena de dezembro, 50 dias antes do Rio Grande do Sul.

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