El Niño cada vez mais próximo
O inverno de 2018 transcorreu sob neutralidade climática, com destaque para as temperaturas, em média mais baixas que o normal. As chuvas foram mais intensas no Leste do Rio Grande do Sul, com valores até 200 mm acima do normal. Com a chegada da primavera, a frequência das chuvas aumentou. Porém, a partir da segunda quinzena de outubro diminuíram bastante. Isso tem gerado certa preocupação aos produtores de arroz, já que alguns reservatórios não estão totalmente cheios e os produtores têm cogitado banhar suas áreas para a germinação homogênea das lavouras. A razão para a redução das chuvas se deve por ainda estarmos com os reflexos do período de neutralidade climática, o que pode causar irregularidade nas chuvas, mesmo com os modelos de previsão indicando que outubro seria mais chuvoso.
No entanto, desde o início de outubro o cenário no Oceano Pacífico tem mudado, ou seja, toda a extensão do oceano está mais aquecida e com valores acima de 0,5°C, que é um indicador palpável para a configuração de um El Niño. O aquecimento no Pacífico deve continuar, devido às águas sub-superficiais (Figura 1) estarem com anomalias positivas e que irão ressurgir em superfície no decorrer dos próximos meses. Sendo assim, há a expectativa da formação do El Niño, tardio e de fraca intensidade. Além disso, as águas do Oceano Atlântico Sul têm se mantido mais aquecidas, o que favorece o aporte de umidade ao estado e as chuvas.
Figura 1: anomalias da temperatura das águas sub-superficiais no Oceano Pacífico Equatorial. A figura mostra as águas abaixo do nível da superfície do oceano, entre 0 e 300 metros abaixo do nível do mar, entre os dias 23 e 27 de outubro de 2018. Fonte: CPC/Ncep/Noaa.
Com relação à precipitação, os modelos têm indicado que, em geral, ficarão acima da média. As regiões com os maiores acumulados mudam conforme o modelo que se analisa, mas há certa tendência de que a região Noroeste do Rio Grande do Sul tenha os maiores acumulados (Figura 2).
Figura 2: mapas com a probabilidade da precipitação ficar acima, dentro ou abaixo do normal (A) e previsão da anomalia de precipitação (B) para o trimestre nov-dez-jan. Fonte: Cptec/Inpe/Funceme/Inmet.
Para o Rio Grande do Sul, a expectativa é de novembro e dezembro mais chuvosos, principalmente no Oeste, e janeiro com chuvas dentro do normal. Por exemplo, para dezembro o modelo indica chuvas entre 50 e 85 mm acima do normal, em praticamente todo o estado, e entre 85 e 130 mm acima do normal no Oeste e Noroeste (Figura 3).
Figura 3: anomalias de precipitação para o trimestre novembro e dezembro de 2018 e janeiro de 2019, segundo as previsões do modelo estatístico do Inmet/UFPel. Fonte: Inmet/UFPel.
Com isso, os produtores devem ficar atentos à possibilidade de chuvas abundantes em dezembro, pois existe o risco de haver enchentes nas áreas próximas aos rios.