Em busca da estabilidade produtiva

 Em busca da estabilidade produtiva

Escarificação: romper a camada de solo compactada é determinante para o resultado

 Sem raízes fortes, bem nutridas e nodulando de forma adequada, a produtividade estará comprometida e o resultado econômico em risco. “O que resta é adotar práticas que reduzam esses riscos e permitam maior estabilidade produtiva, reduzindo fatores de estresse”, explica o professor da UFSM Enio Marchesan. Segundo ele, neste sentido, a implantação da lavoura e o ambiente radicular das plantas são determinantes. “Uma lavoura mal plantada não recupera produtividade com produto químico algum. Largou mal, não recupera mais”, acrescenta.

Melhorar o ambiente radicular das plantas de soja em áreas de arroz exige, entre outras coisas, um bom sistema de irrigação e de drenagem. A irrigação, o produtor de arroz domina com excelência, mas a drenagem é um grande problema. Por isso, o passo inicial de quem vai plantar soja em terras de arroz, após identificar, mapear a área e fazer sua análise de solo com o assistente técnico, é organizar a lavoura para ter o domínio sobre o fluxo das águas.

“A chuva que caiu fora não pode entrar na lavoura. Para isso é preciso organizar a estrutura de drenos externos. Os drenos de superfície e subterrâneos da lavoura precisam escoar a chuva que caiu na área em 24 horas”, afirma. A demora no escoamento é proporcional à perda da produtividade por causa de solo saturado, raízes sem oxigênio, nódulos morrendo e um período em que as plantas vão buscar nutrientes para recuperar a parte vegetativa no lugar de se desenvolverem para produzir grãos.

Para permitir que as raízes se estabeleçam fortes, tenham condições de respirar, buscar nutrientes e nodular, é preciso melhorar as características físicas do solo identificando a camada compactada e a forma de descompactá-la. A recomendação é usar em toda a área um penetrômetro, que mede a resistência do solo, para ter um mapa preciso. No campo da UFSM foi identificada a camada compactada a partir de 10 centímetros de solo até perto de 25 centímetros de profundidade.

COMPACTAÇÃO
Onde foi escarificado houve melhor desempenho, produzindo em média um saco a mais por centímetro de profundidade. Sem romper a camada, a morte de plantas bateu em 12,6%. Sem plantas não há grãos e se cria oportunidade de ocorrerem invasoras que vão competir por nutrientes com a soja, multiplicar o banco de sementes para o arroz, aumentar os custos, exigir uso de herbicidas e ampliar o risco de surgirem plantas resistentes.

“O melhor tratamento químico para o solo não alcançará seu potencial se houver camada compactada. Então, ainda que haja alguma preocupação com a movimentação de solo, neste momento, para reduzir o estresse da soja, os melhores resultados são obtidos em áreas escarificadas, processo que pode ser feito com um equipamento que se tenha em casa ou o mecanismo da semeadora, que ainda tem problemas, mas ajuda”, acrescenta.

No caso dos solos em Santa Maria, Marchesan desconsiderou o uso do disco ondulado, pois este chega no máximo a uma profundidade de 13 centímetros. “Para o nosso caso não resolveu, mas a haste sulcadora chegou a 23 centímetros de profundidade, melhorando a microdrenagem subterrânea: ajudou os nutrientes a penetrarem mais no solo, as raízes são maiores, funcionais, mais saudáveis e com mais nódulos, há maior condutividade hidráulica, a água escoa rápido e há oxigênio no ambiente radicular, ou seja, diminuiu o risco”, resume.

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