Em busca do ponto de equilíbrio
Relação entre oferta e demanda é acompanhada pela União, visando
a estabilidade.
A grande preocupação do governo federal sobre o mercado do arroz no momento está em torno do equilíbrio entre a oferta e a demanda do grão, que é influenciado diretamente pelo câmbio e por sua importância na determinação da expansão ou da redução dos saldos na balança comercial do setor, segundo o analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sérgio Roberto dos Santos Júnior.
“A Conab estima uma produção 2015/16 por volta de 12,1 milhões de toneladas, abaixo do volume de 12,4 milhões da safra 2014/15 em virtude do aumento dos custos de produção e da subsequente redução de tecnologia empregada no campo. Todavia, o consumo brasileiro não sofre grande variação nos últimos 10 anos, estando previsto em 12 milhões de toneladas para a próxima temporada. Ou seja, com o mercado ajustado entre a produção e consumo interno, o comportamento do dólar será fundamental na definição do equilíbrio do abastecimento brasileiro de arroz”, frisa o analista.
Por último, considera importante destacar o crescimento da presença do arroz paraguaio no mercado brasileiro. Nos últimos dois períodos comerciais o Paraguai consolidou-se como maior exportador do produto para o Brasil. O preço paraguaio do arroz branco beneficiado foi comercializado no mês de setembro de 2015 em média de US$ 323,93 a tonelada. Cabe destacar que a valorização do dólar reduziu de forma amena o volume de compras brasileiras de arroz paraguaio, porém, sobre preços de compra, observou-se um resultado mais expressivo de queda.
O pequeno mercado consumidor interno paraguaio e as poucas alternativas de escoamento da safra local de 800 mil toneladas atuam como fatores de indução desse arroz para o mercado brasileiro. “Logo, com a ponderação de todos os fatores conjunturais atuais, o arroz paraguaio não apresenta fator de risco ao equilíbrio nacional, pelo contrário, esse fluxo de importação é importante para o abastecimento do mercado doméstico. Entretanto, o governo federal acompanha atentamente a evolução da produção e comercialização paraguaia”, finaliza Santos Júnior.
Por outro lado, o economista da Farsul, Antonio da Luz, acredita que, primeiramente, a melhora do preço internacional e a taxa de câmbio dão uma competitividade momentânea muito boa para o arroz brasileiro, e o país tem que aproveitar para aumentar as posições no mercado externo. “De forma mais estrutural, começamos a colher algumas tratativas que foram plantadas lá atrás, como o México e agora a Nigéria”, acrescenta.
A reunião na Farsul com a embaixadora de Cuba também serviu para mostrar a preocupação dos gaúchos com a aproximação dos cubanos com os Estados Unidos. Isso porque Cuba é o maior importador do Brasil. “Além da vantagem da distância ser menor, o que reduz custos, Cuba ainda está com um porto novinho em folha. Não temos a pretensão de impedir as importações de arroz dos EUA por parte de Cuba, mas queremos manter as cotas de importação do Brasil”, destaca.