Em ritmo de superação
Brasil exporta 40% a mais
do que o previsto em 2019
com esforço e dólar a favor
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O país começou o ano de 2019 com uma expectativa oficial da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de que seria um importador líquido de 200 mil e 300 mil toneladas de arroz em base casca. No início de 2020 os números finais mostram que o Brasil finalizou o passado ano civil – janeiro a dezembro – com 1.418.992 toneladas embarcadas para 114 países e um superávit de 406.506 toneladas. O resultado foi comemorado no setor, pois tem reflexo na trajetória de alta dos preços internos. E traz esperança de melhores cotações também em 2020: quanto maior o saldo na balança comercial, menor o estoque de passagem e mais ajustada a oferta no ano seguinte.
O resultado prático mostrou que a teoria inicial estava equivocada em vários pontos: os estoques brasileiros ainda não estavam tão baixos; a importação não foi tão alta (1.012.486 toneladas contra 1,2 milhão de toneladas estimadas), o dólar não desvalorizou perante o real (havia projeção de R$ 3,20 a R$ 3,50 e permaneceu acima de R$ 4,00), o Mercosul perdeu competitividade frente ao Brasil, os Estados Unidos tiveram uma quebra de 15% a 20% da safra e as indústrias brasileiras e traders internacionais apostaram na abertura de novos mercados para o grão gaúcho em consumidores importantes, como Iraque, México e outros destinos. Santa Catarina embarcou menos de seis mil toneladas no ano passado.
“Como oitavo exportador mundial, segundo maior fora da Ásia, o Brasil indiscutivelmente é uma potência exportadora de arroz”, assegura Marco Aurélio Marques Tavares, diretor de Mercados da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Para Tavares, ultrapassar a barreira de 1 milhão de toneladas foi surpreendente, pois com a quebra da safra nacional a tendência era de reduzir a presença externa, ainda mais depois de atingir em 2018/19 o expressivo volume de 1,7 milhão de toneladas.
Na temporada, mais de 600 mil toneladas de quebrados de arroz foram exportadas, e mais de 500 mil toneladas de beneficiado. “É importante porque o arroz beneficiado gera impostos, renda, empregos”, destaca Elton Doeler, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Arroz (Abiarroz). Além disso, o Brasil negociou mais de 250 mil toneladas de grão em casca e 3 mil toneladas de esbramado. Em 10 temporadas, o saldo positivo da balança comercial do grão é de 3,7 milhões de toneladas.
FIQUE DE OLHO
No ano civil de 2019 (janeiro a dezembro), o Brasil enviou 511,2 mil toneladas de arroz beneficiado a 96 mercados, superando 2018 (84) e 2017 (60). Os principais importadores foram Peru, Iraque, Venezuela, Cuba e Estados Unidos, segundo a Abiarroz. Tiago Sarmento Barata, diretor do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz/RS), lembra que o crescimento das vendas ao Peru e Iraque, dois países exigentes em qualidade, atesta os atributos do cereal brasileiro.
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