Encontro Técnico reflete sobre posicionamento do arroz gaúcho no mundo

 Encontro Técnico reflete sobre posicionamento do arroz gaúcho no mundo

Arrozeiros conhecem realidade do vietnã

O futuro depende das nossas ações no presente, não podemos esquecer que só estamos vendendo arroz ao redor de R$ 40,00 porque nestes dois últimos anos batemos recordes nunca imaginados de exportação.

O Vietnã é um país da Ásia com forte rede fluvial, onde a maior parte da população trabalha com agricultura na produção de arroz. Este foi o cenário do 18º Encontro Técnico promovido pela Associação dos Arrozeiros e dos Engenheiros Agrônomos de Alegrete, no último dia 05 de novembro.

A palestra discorrida pelo associado da entidade, Fernando Osório, que divide sua atividade orizícola e pecuária entre Alegrete e Quaraí, foi uma verdadeira viagem ao país asiático, com direito a guia turístico. Durante sua estada no Vietnã, 5ª maior produtor mundial de arroz, conheceu a principal região produtora do cereal e revelou através de várias e impressionantes fotos, a maneira vietnamita de cultivar arroz. Por lá tudo parece acontecer na forma de subsistência, os tratos culturais atuais ainda são extremamente primários, do plantio a armazenagem.

O búfalo ainda é utilizado para tração dos implementos e o famoso pilão é uma ferramenta essencial ao beneficiamento. Durante a explanação, o agropecuarista não deixou de mostrar o seu entusiasmo na oportunidade que o Brasil possui em destacar-se como um importante player no mercado mundial, comparando a qualidade do arroz produzido no Rio Grande do Sul. “Vejo uma grande oportunidade de subirmos no ranking de exportadores pela alta qualidade de nosso produto. Temos tecnologia, informação técnica, enquanto no Vietnã as condições de estocagem, manipulação são muito primárias, a secagem do grão é feita ao ar livre, inclusive nos acostamentos das estradas, sujeito a todo o tipo de contaminação”, ressalta Fernando Osório.

Arrozeiros questionam ações mercadológicas – As informações sobre o modo de produção do arroz no Vietnã e seu status no mercado mundial resultaram em uma forte reflexão e questionamentos entre os presentes, principalmente sobre o posicionamento dos produtores frente aos vários problemas enfrentados pela lavoura gaúcha. Como na plateia encontravam-se os representantes da Fronteira Oeste do recém empossado Conselho Deliberativo do IRGA (Instituto Rio Grandense do Arroz) e ex-conselheiros, a reflexão resultou em várias perguntas sobre a realidade do arroz gaúcho e a atuação do IRGA. Foram uníssonos ao questionar quais estratégicas de mercado estão sendo adotadas, ou mesmo ações impactantes para o fortalecimento do setor.

PALAVRA DO PRESIDENTE

Nesta semana passada tivemos a oportunidade, através da iniciativa do Presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos, Cesar Moutinho e o apoio da Associação dos Arrozeiros de Alegrete de apreciar as valiosas informações sobre a viagem ao Vietnã do nosso associado Fernando Osorio. Foi uma verdadeira aula de história, cultura e informação mercadológica.

No decorrer da apresentação, foi notório o entusiasmo do palestrante, e não era por acaso. A percepção é que o arroz para o Rio Grande do Sul não é um problema como alguns gestores públicos acreditam. É sim uma oportunidade! A justificativa: “a qualidade”. A qualidade da produção, do armazenamento, do beneficiamento, etc. O abismo é impressionante! A estocagem e a manipulação do grão vietnamita até chegar ao consumidor final são os mesmos praticados anteriormente à Segunda Guerra Mundial. O pior de tudo isto é que lembrei-me da informação de que um navio recentemente havia atracado no Brasil com 25000 T com arroz do Vietnã, hoje o maior exportador do cereal.

Bueno, mas o mais importante, ou talvez preocupante, foi o final. A reflexão! Foram feitas algumas perguntas e finalmente extrapolamos para a nossa realidade. Fatalmente o IRGA entrou na conversa e nós conselheiros, eu, Fernando Osório e o Geovano Parcianello, fomos praticamente intimados!!!! Qual a estratégia mercadológica do IRGA? O que vocês conselheiros estão fazendo? Recursos abundantes existem, com um milionário caixa proveniente da CDO! Falando em CDO, isto é contribuição ou mais um tributo?

Naquele momento percebi o desafio que nós conselheiros havíamos assumido. Alguns flashes das escaramuças de 2011, viagens, reuniões e peleias vieram rapidamente. Neste mesmo momento, conclui que nenhum dos famosos problemas estruturais da lavoura de arroz gaúcha foi sequer aprofundado e resolvido, porque discutido foi exaustivamente. Mas fazendo justiça aos atores, o incêndio de 2011 foi “controlado”!

Realmente acredito que precisamos sair desta acomodação e no mínimo passar a cobrar do IRGA atitudes comerciais sólidas como fez o Uruguai, as culturas do algodão e café do Brasil e do setor arrozeiro americano mencionado pelo amigo Caio Nemitz, que também há algum tempo nos brindou com uma excelente palestra técnica sobre a agricultura dos EUA. Falando nisto, será que não vamos aproveitar a lacuna deixada pelo arroz americano com problema de qualidade?

Nosso futuro depende das nossas ações no presente, não podemos esquecer que só estamos vendendo arroz ao redor de R$40,00 porque nestes dois últimos anos batemos recordes nunca imaginados de exportação. Pela primeira vez escoamos, ao invés de estocar! Entretanto, continuamos sem competitividade.

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