Entre o custo e a espada

 Entre o custo e a espada

Arrozeiros gaúchos apontam o custo como
seu maior desafio para obter renda em 2015
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Quase um terço da área semeada fora da época recomendada, parte ressemeada, duas a três vezes mais aplicação de insumos, demanda maior por aviação agrícola – pois o terreno não comportava as máquinas após as chuvas, aumento das taxas de energia elétrica e combustíveis e dos insumos diretos. Essa é apenas uma parte dos fatores que levaram às alturas o custo de produção do arroz em casca no Rio Grande do Sul, estado que representará 67% da produção nacional do grão nesta temporada 2014/15.

No início da safra as entidades projetavam o custo médio em R$ 30,00 por saca de 50 quilos. Na primeira quinzena de janeiro de 2015 os preços ao produtor alcançaram média pouco superior a R$ 38,00, enquanto os rizicultores falavam em custo de R$ 35,00 a R$ 36,00, projetando a necessidade de uma precificação acima de R$ 40,00 como média de 2015. “A situação atual, de atraso no plantio e no ciclo de um terço das lavouras e o custo altíssimo, nos preocupa”, revela Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

Ele defende uma ação do governo federal para neutralizar alguns fatores de custo, corrigir o preço mínimo de R$ 25,80 do arroz em casca no Sul do Brasil, e apoio às exportações e ao consumo para ajudar na evolução dos preços a patamares que cubram os custos e rentabilizem a produção. “Os custos muito altos anulam a melhora nos preços”, acrescenta Dornelles. Segundo ele, um estudo da Federarroz realizado nas regiões arrozeiras encontrou discrepâncias de até R$ 5,00 por saca. “Isso é alvo de um trabalho sério, para equalizarmos esta situação”, afirma.

A projeção de uma colheita estável no Brasil, em 12,2 milhões de toneladas, tranquiliza o mercado, pois o consumo nacional é de 12 milhões de toneladas. E os estoques de arroz do governo federal não devem passar de outras 200 mil toneladas, parte delas destinada a programas sociais ou com baixa qualidade. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta um estoque de passagem total (público e privado) em 28 de fevereiro de 2015 em 1 milhão de toneladas e de 950 mil toneladas para fevereiro de 2016.

“Não se prevê alterações significativas, mas algumas situações indicam valorização maior do que os 7% verificados em 2015, praticamente no mesmo indicador oficial de inflação”, reconhece Tiago Sarmento Barata, diretor comercial do Irga. Os estoques baixos, a disponibilidade interna estável em relação à demanda e a valorização do dólar aquecendo as exportações mostram um cenário positivo para os preços médios do arroz ao longo do ano.

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