Entrou água

 Entrou água

Lavouras catarinenses ficaram submersas pelo excesso de chuvas

Arroz foi a cultura mais afetada pelas cheias em Santa Catarina
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Está escrito em algum lugar que nenhuma lei da física ou jurídica é tão certa quanto a Lei de Murphy. Em outras palavras: se alguma coisa pode dar errada, ela certamente dará errada. Ainda mais se depender de fatores climáticos. É sob esta perspectiva que pode ser analisado o impacto causado pelas enchentes registradas nos últimos meses de 2008 em Santa Catarina, segundo maior estado produtor de arroz irrigado do Brasil. 

A expectativa de uma safra superior à obtida em 2007/2008, quando foram colhidas 1.018.100 toneladas, estava atrelada a um pequeno detalhe: o grande volume de chuvas registrado em outubro e novembro, que havia batido um recorde histórico. 

A ressalva já tinha sido feita pelo assessor de marketing da Cooperativa Regional Agropecuária Sul Catari-nense (Coopersulca), Luiz Fernando Bendo, na edição de dezembro da Planeta Arroz (página 12): “O único obstáculo no caminho de uma safra ainda mais produtiva em 2009 é o clima”. 

Na ocasião, Bendo alertava que a água sobre o arroz na fase inicial de cultivo tornava difícil a entrada na lavoura para fazer os tratos culturais. De lá para cá a situação só piorou, como ficou evidente nos levantamentos de safra divulgados posteriormente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O relatório de janeiro da companhia já identificava perda de 2,2% na produção (na comparação com a safra 2007/2008) devido ao excesso de chuvas em importantes regiões produtoras de arroz. Em fevereiro a Conab atualizava este índice para 3,2%. 

De acordo com a analista do mercado de arroz da Conab, Regina Santos, entre as regiões mais atingidas estão os vales de Itajaí e Araranguá, com as perdas nas lavouras em torno de 30%. Na região de Tubarão, dos cerca de 20 mil hectares plantados, pelo menos 10 mil ficaram embaixo d’água. 

A estimativa do gerente administrativo da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Aclis Fortunato, é de que a perda fique entre 10% e 15%. “Isso significa cerca de 300 mil sacas e um prejuízo de R$ 10 milhões para os produtores”, calcula. 

As perdas também preocupam os produtores de Gaspar, outra região prejudicada pelas enchentes do ano passado. Nesta safra a área plantada no município foi de 3,4 mil hectares. A expectativa era colher cerca de 34 mil toneladas de arroz, mas as chuvas de novembro atingiram a planta durante os ciclos de desenvolvimento. 

Os produtores ainda enfrentaram o surgimento de doenças que afetaram a planta e contribuíram para a redução da produtividade. Esses fatores devem ser responsáveis por uma redução de 60% na safra do município, que responde por 8% da produção daquele estado. 

O presidente do Sindicato da Indústria do Arroz de Santa Catarina (Sindarroz-SC), Jaime Frantz, confirma que o arroz foi a cultura mais afetada pelas cheias. “Algumas lavouras foram em grande parte destruídas, outras ficaram completamente submersas e há casos de propriedades inutilizadas pelo acúmulo de lama”, relata o dirigente. 

Ainda assim reconhece que as grandes lavouras não foram fortemente atingidas pelas chuvas e as perdas, em âmbito de estado, ficaram próximas a 5%, conforme os dados divulgados pela Conab. O impacto do clima nas lavouras catarinenses provocou perdas localizadas e de produtividade. O resultado final da safra, no entanto, mantém o estado como o segundo maior produtor de arroz do Brasil.

 

Colheita menor

Em Santa Catarina a colheita se encontra em fase intermediária. De acordo com o quinto levantamento da safra de grãos, divulgado pela Conab no início de fevereiro, a produção do estado catarinense na safra 2008/2009 deverá ficar em 985,2 mil toneladas, volume 3,2% menor ao obtido no período anterior. 

O clima também foi responsável por perdas importantes em produtividade. No total estadual registrou queda de 2,9% em relação aos 6.650 quilos por hectare colhidos na safra 2007/2008, ficando estimada em 6.460 quilos/hectare. À medida que o Rio Grande do Sul vem evoluindo em produtividade nos últimos anos, Santa Catarina, que sempre foi um referencial neste quesito, seja pelas perdas climáticas ou fatores associados ao manejo e ao plantio, vem mantendo a duras penas sua condição de alto rendimento. Se o clima ajudar, em 2009/2010 poderá recuperar-se.

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