Equívocos construíram um mito
O estudo desenvolvido pelos professores da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq/USP) José Otávio Machado Menten e Lourival Carmo Monaco Neto, demonstra que a demanda de defensivos agrícolas é corretamente expressa quando é calculada através da quantidade de ingrediente ativo, a molécula que de fato tem ação, por unidade de área ou quantidade de produto produzido. Imaginar outras formas, como litros de produto comercial por área ou produção, ou até quantidade de produto por pessoa de uma determinada região é um equívoco muito grande e deve ser evitado e combatido.
“Não faz sentido expressar a demanda em termos de quantidade por habitante, já que não são aplicados nas pessoas, e sim nas plantas. Outro aspecto importante é que os produtos comerciais, utilizados pelos agricultores, têm cerca de 50% de ‘inertes’, que são substâncias sem atividade biológica”, explicam os cientistas. Ao contrário das fake news na internet que dizem ser o Brasil um dos maiores usuários de agrotóxicos, por critérios científicos o país está muito longe disso.
Estudo recentemente apresentado pela FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) coloca o Brasil como 44º maior consumidor de defensivos no mundo quando analisada a sua utilização por área cultivada e 58º quando analisada a sua utilização em relação aos volumes de produção agrícola. Vale ainda ressalvar que o Brasil é um dos poucos países com capacidade de realizar mais de um ciclo produtivo por ano numa mesma área, de forma que mais produtos são requeridos, porém proporcionalmente há um emprego menor por área de cultivo.
A partir do artigo, de maneira geral, é possível concluir que diante da evolução genética das cultivares – com maior emprego de variedades resistentes a fungos, por exemplo – e manejos mais sustentável – além da rotação de culturas e integração com pecuária visando a ciclagem de nutrientes – a lavoura arrozeira tem alcançado melhores resultados.
A rentabilidade da lavoura por muitas safras também obrigou o rizicultor a buscar alternativas, diante da participação dos defensivos como componentes de custo. Ainda assim, eventualmente o arroz brasileiro – entre outros produtos – é vitimado por bloqueios comerciais sob argumentos da presença de um ou outro resíduo. Em geral, artimanha de proteção de mercados.