Esforço conjunto

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BRSMA 357: alternativa para o Nordeste

Rede Brasil Arroz estimula o desenvolvimento da orizicultura no Maranhão
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Depois de se manter por um breve período de tempo na terceira posição dos maiores estados produtores de arroz, o Maranhão, na safra 2013/14, volta a ocupar o quinto lugar no ranking nacional, com uma redução de 4,3% em sua produção, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume do cereal a ser colhido nas lavouras maranhenses está estimado pela Conab em 474,5 mil toneladas, cerca de 22 mil toneladas a menos que no período anterior.

A área plantada com a cultura também encolheu, passando de 416,2 mil hectares, em 2012/13, para 395,4 mil hectares, nesta safra, uma redução de 5%. “A redução da área plantada ocorre possivelmente em virtude da preferência dos produtores pela soja, que tem se mantido com preços mais atraentes nos últimos meses, mas há outros fatores que devem ser levados em conta quando se analisa o comportamento da cadeia produtiva maranhense como um todo”, avalia o professor do Departamento de Economia Rural da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) Luciano Muniz.

A Uema, assim como a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Maranhão (Sagrima), é parceira da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no programa Rede Brasil Arroz, cujo objetivo é estimular e fomentar a produção de arroz em regiões com aptidão para o desenvolvimento da cultura. “A orizicultura está sendo retomada no estado e a universidade está engajada nesse processo”, afirma Muniz. Ele explica que a cultura do arroz no estado é conduzida basicamente por pequenos produtores, pouco tecnificados e sem uso de defensivos. “Há uma carência muito grande de informações por parte dos produtores e o papel da universidade é preencher essa lacuna. Outro desafio é proporcionar renda a estes produtores para que eles possam investir mais nas lavouras”, observa.

Conforme Muniz, um dos principais gargalos da orizicultura maranhense é a baixa produtividade das lavouras, cujo rendimento não ultrapassa os 3 mil quilos por hectare. “Por esta razão, nossa produção não é suficiente para abastecer o consumo interno. O mercado é complementado por arroz embalado do Tocantins e de outros estados brasileiros, além das importações de países do Mercosul”, informa.

O primeiro passo na solução destes gargalos foi dado pela Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás, que elaborou no ano passado um estudo intitulado “Caracterização e diagnóstico da cadeia produtiva de arroz do Maranhão”, estabelecendo as diretrizes para o desenvolvimento da orizicultura no estado.

O estudo mostra, por exemplo, que o arroz no Maranhão é cultivado a partir de três sistemas de produção: terras altas, várzea e irrigado. Os municípios de Arari e Vitória, na região da baixada maranhense, são formados por planícies baixas que alagam na estação das chuvas. Ali estão mais de 3,5 mil hectares de várzeas sistematizadas, que é onde está concentrada a maior parte da produção de arroz do estado. Em Arari, os produtores que cultivam arroz irrigado preferem utilizar cultivares de ciclo mais longo, oriundas do sul do Brasil, principalmente da Epagri, em função da disponibilidade de sementes e da qualidade do grão preferido pela indústria. Já o parque industrial arrozeiro do Maranhão é constituído por duas grandes empresas, a Companhia Distribuição Araguaia (CDA) e a Camil.

Para o engenheiro agrônomo da Sagrima, Francisco Martins, a baixa produção se deve ao fato de a área irrigada ainda ser muito pequena no estado: cerca de 5 mil hectares. “Nestas lavouras, o arroz é cultivado o ano inteiro, ou seja, os produtores colhem, preparam a lavoura, plantam, colhem de novo e voltam a preparar a terra para plantar. É um processo contínuo, que acaba acarretando problemas de pragas e doenças porque não se tem um período de pousio”, observa.

MAIS INCENTIVOS PARA PRODUZIR

Entre as ações implementadas pela Rede Brasil Arroz para alavancar a produção orizícola do Maranhão está o lançamento da cultivar irrigada BRS MA 357. Desenvolvida pela Embrapa Cocais, com o apoio do governo do Maranhão, a variedade é adaptada às condições de solo e clima da Baixada Maranhense, com planta de baixo porte – que evita seu tombamento -, alta produtividade e fácil manejo, voltada às pequenas áreas, facilitando o plantio por agricultores familiares.

Para que essa nova tecnologia alcance um maior número de produtores, a Sagrima adquiriu da Embrapa Cocais 100 toneladas de sementes por meio de programa oficial que distribuirá o insumo a 10 mil agricultores. Por meio do Programa Viva Sementes, a Sagrima já distribuiu nas últimas três safras cerca de 5.700 toneladas de sementes de arroz, milho e feijão.

Na avaliação de Luciano Muniz, da Uema, através da Rede Brasil Arroz, está havendo um esforço conjunto entre governo do estado, universidade, instituições de pesquisas, produtores e indústrias para alavancar a orizicultura no Maranhão: “A Embrapa entra com uma nova cultivar adaptada às condições da região, a Sagrima distribui as sementes, a indústria fomenta a produção e a universidade atua na difusão do conhecimento para os produtores.
A Sagrima também vem incentivando a vinda de produtores de arroz do sul do Brasil, que são mais tecnificados, para que venham produzir arroz no estado, proporcionando, assim, um intercâmbio maior de conhecimento”, resume.

A universidade, que ao longo das últimas duas safras vem organizando encontros e workshops voltados a técnicos e produtores, vai sediar em 2015 o 1º Comitê Técnico do Arroz. “Trata-se de um evento que vai reunir as regiões Norte e Nordeste para discutir a pesquisa, a transferência de tecnologia e o manejo da lavoura e que certamente trará maior visibilidade à cultura do arroz no estado do Maranhão”, informa Muniz.

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