Espanhóis alertam que a paella pode desaparecer pelas regras ao arroz da UE

(Por Yzabelle Bostyn) Um prato espanhol icônico pode estar ameaçado, uma vez que os agricultores alertam que o arroz de paella pode “desaparecer” devido às regulamentações da União Europeia. A variedade usada para fazer a típica refeição do almoço, o arroz bomba, pode estar em perigo depois que a União Europeia proibiu um pesticida do qual os agricultores espanhóis afirmam depender para cultivar o grão. Diz-se que o produto químico impede que as plantas de arroz desenvolvam um fungo que causa a brusone do arroz, que pode levar ao “fracasso total da colheita”.

Três produtores de arroz na região de Valência afirmaram que a sua colheita foi metade da média de 10 anos em 2023, como resultado do fungo Pyricularia. Miguel Minguet disse à Reuters que a variedade de arroz, que é quase exclusivamente encontrada em Espanha, “é muito provável que desapareça”.

“Nossa colheita será perdida devido às regulamentações”, afirmou. Os principais exportadores ainda usam o pesticida no Brasil, na Índia e no Camboja.

Acontece num momento em que os agricultores organizam protestos em toda a Europa sobre as alegações de que permitem que os concorrentes externos tenham uma vantagem sobre os agricultores da UE, permitindo-lhes utilizar o produto químico. Os confrontos expuseram as lutas de Bruxelas para equilibrar as políticas de sustentabilidade com o fornecimento de produção alimentar autossuficiente.

A Presidente Ursula von de Leyen propôs mesmo retirar o plano para reduzir para metade a utilização de pesticidas. Conhecido como triciclazol, a UE deixou de autorizar o produto químico porque poderia ser prejudicial à saúde humana. É utilizado há cerca de 40 anos no combate ao fungo nas zonas úmidas de Valência.

Agricultores furiosos afirmam que a UE tem um conjunto de regras para os produtores locais e outro para produtos importados, permitindo-lhes transportar vestígios do pesticida potencialmente prejudicial. De acordo com o Pacto Ecológico Europeu, todos os bens importados devem «respeitar» as normas da UE relativas a resíduos químicos, garantindo que os alimentos sejam «seguros para consumo humano».

Os cultivadores ainda podem usar outros dois pesticidas para combater o fungo. No entanto, sabe-se que estes se infiltram no ecossistema e afetam a população local de camarões. O arroz é particularmente vulnerável a doenças e fungos que se espalham facilmente entre os campos. O declínio na produção de arroz bomba levou à escassez nos supermercados e ao aumento dos preços, que duplicaram nos últimos três anos.

Um saco de arroz paella custa agora até 5€ em alguns supermercados.