Estabilidade predomina no mercado de arroz

O ingresso da safra mundial em agosto deixa o sentimento de que o pico dos preços internacionais já passou.

O mês de julho vem dando seqüência à estabilidade de preços do arroz apresentada em junho. A média das cotações nas duas primeiras semanas é de R$ 33,34 por saca de 50 quilos no mercado gaúcho, uma valorização de apenas 0,18% em relação à do mês anterior (R$ 33,28).

Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a instabilidade do início da colheita até o final do mês de abril fez com que as indústrias entrassem com força no mercado e, apesar da postura defensiva dos produtores, utilizando EGF para fazer caixa, muitos aproveitaram os preços atrativos para vender.

– Mesmo assim, a procura por parte da indústria se mostrou superior ao interesse de venda dos orizicultores – frisa.

Para equilibrar esta equação, o governo passou a ofertar estoques públicos, os quais foram demandados com voracidade por parte dos engenhos. No total, foram 270 mil toneladas em maio, que seguram a escalada altista e deram início a uma leve tendência de queda.

– Quando isso aconteceu, os representantes do setor produtivo entraram em cena, pedindo a suspensão das operações – relembra Bento.

Com a limitação de um leilão mensal, de 50 mil toneladas em junho, os preços encontraram um ponto de equilíbrio próximo a R$ 33,00 por saca no Rio Grande do Sul, referência para as demais praças.

– A morosidade do mercado e a estabilidade mostram que a indústria está abastecida e que os produtores seguem retraídos, aguardando melhores momentos de negociação durante a entressafra – explica o analista.

Em julho, após reunião na sede regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Porto Alegre, os produtores gaúchos receberam a garantia de que o próximo leilão acontecerá apenas no dia 29 de julho, quando 50 mil toneladas armazenadas no Rio Grande do Sul e 10 mil em Santa Catarina serão colocadas à venda. Como este é um mês que costuma ser fraco em termos de consumo, devido às férias escolares, o mercado deve continuar sem grandes oscilações.

– No entanto, seguindo o comportamento sazonal, os preços tendem a manter um viés de alta – justifica.

– Este cenário é bem consistente e só seria invertido com uma retração acentuada das cotações internacionais, que afetassem a paridade de importação e de exportação no Brasil – pondera.

O ingresso da safra mundial em agosto deixa o sentimento de que o pico dos preços internacionais já passou.

– Por outro lado, variáveis exógenas ao mercado, como a desvalorização do dólar frente às demais moedas e a alta do petróleo, com seus reflexos sobre os preços das commodities agrícolas, devem sustentar as cotações do arroz muito acima da média histórica – finaliza.

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