Estabilidade previsível
Consolidação de limites
de alta e de baixa
determinaram o comportamento dos
preços ao longo do ano
.
Confirmando uma expectativa que já se tinha há um ano, a comercialização de arroz no mercado doméstico se caracterizou pelo comportamento estável dos preços nas principais praças de comercialização. E isso se deu basicamente pela consolidação de limites de alta e de baixa bastante consistentes e próximos. O analista Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócio, afirma que, no início de novembro, era possível identificar um limite de alta entre R$ 34,00 e R$34,50 no preço médio da saca de arroz em casca no Rio Grande do Sul.
Acima deste valor, a indústria se vê com dificuldade de repassar o custo da matéria-prima nas negociações com o varejo; o mercado doméstico fica extremamente atrativo aos exportadores uruguaios, argentinos e paraguaios, bem como o governo federal já declarou usar a superação deste patamar como gatilho para o lançamento de novos leilões de venda de arroz dos estoques públicos.
Para o analista, ao mesmo tempo, o preço do cereal encontra suporte na maior capacidade de resistência dos produtores em não liquidar abaixo de R$ 32,00 a saca, buscando a capitalização na comercialização da soja, que passou a complementar o portfólio do orizicultor recentemente. “Há ainda uma forte demanda reprimida por produto para exportação, que se viabiliza quando a cotação do cereal em casca no Rio Grande do Sul fica abaixo de US$ 15,00 a saca de 50 quilos”, enfatiza.
Em sua opinião, ao longo dos últimos meses do corrente ano comercial e ainda no decorrer do próximo, estes fatores devem seguir limitando o comportamento dos preços, porém é possível que os patamares de preços em que essas forças se manifestarão sofram alguma variação. “Trabalho com a expectativa de leve redução das cotações no mercado externo, o que reduziria a paridade de exportação. No entanto, o Relatório Focus projeta uma valorização do dólar em relação ao real, que pode compensar o efeito baixista do mercado externo. A conduta do governo com relação ao estoque público é uma incógnita, mas é sabido que haverá oferta pública se a retração da oferta causar desabastecimento no mercado doméstico”,, destaca.
Barata: de olho no mercado externo