Estímulo para crescer
Enquanto o sequeiro perde espaço para a soja no Tocantins, a lavoura irrigada cresce a cada ano
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O Tocantins continua ocupando a terceira posição no ranking nacional de produção de arroz, ficando somente atrás dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção do estado para a safra 2013/14 é de 573,5 mil toneladas – o equivalente a 56% da produção do Norte. A área plantada é de 120,1 mil hectares e a produtividade é de 4.767 quilos por hectare.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Secretaria Estadual da Agricultura e Pecuária (Seagro), Genebaldo Queiroz, as áreas de plantio de arroz de sequeiro têm perdido espaço para o cultivo da soja, que tolera mais a estiagem, porém, em contrapartida, as lavouras de arroz irrigado no estado vêm crescendo em produção e produtividade a cada safra. “Isso ocorre porque os produtores têm tido boas expectativas de comercialização e, assim, têm investido significativamente em tecnologia, adubação e manejo da cultura”, explica.
A expansão da orizicultura no Tocantins é resultado da parceria entre a Seagro e a Embrapa Arroz Feijão de Goiás, através do programa Rede Brasil Arroz, cujo objetivo é estimular e fomentar a produção de arroz em regiões com aptidão para o desenvolvimento da cultura. O trabalho abrange, entre outros aspectos, a organização da cadeia produtiva, a transferência de tecnologias e o desenvolvimento de variedades orizícolas com alto padrão produtivo, adaptadas às condições de cada estado.
Cerca de 80% da produção de arroz irrigado no estado está concentrada na região que abrange os municípios de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão, Dueré, Cristalândia e Pium, no Sudoeste do estado. As lavouras estão estabelecidas em áreas de várzeas tropicais, que são propícias para o cultivo da planta com o uso do sistema de irrigação por infiltração e subirrigação no período da entre safra. Este sistema permite o plantio de arroz na várzea e a produção de sementes de soja de qualidade na entressafra, sem vazio sanitário. Parte da produção tocantinense é exportada para estados do Norte e Nordeste do país.
O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Daniel Fragoso, explica que, embora a área plantada com a cultura corresponda a apenas 100 mil hectares, ainda existe muito espaço para crescer. “Temos potencial de expansão para 300 mil hectares”, garante. Ele também destaca os ganhos em produtividade que vem sendo obtidos a cada safra: “Há três anos se colhia de 50 a 100 sacas de arroz por hectare. Atualmente, a média varia de 120 a 130 sacas por hectare, um salto significativo”, compara.
Conforme Fragoso, o crescimento da orizicultura em Tocantins ainda precisa superar alguns gargalos, sobretudo em relação à infraestrutura de armazenagem e à qualidade do produto. “Nossas lavouras ainda são muito suscetíveis a doenças, como brusone, por exemplo. Há, no entanto, um trabalho conjunto envolvendo a Embrapa, Seagro, indústria e produtores de sementes direcionado à construção e organização da cadeia produtiva com vistas a superar todos esses desafios”, afirma o pesquisador.
Crescimento proporcional
Para o engenheiro agrônomo da Seagro, Genebaldo Queiroz, o fato de o Tocantins ter conseguido alcançar o terceiro lugar na produção nacional de arroz está fazendo com que a indústria de processamento de arroz também cresça na mesma proporção. “A industrialização dentro do próprio estado tem uma vantagem muito grande, pois agrega mais valor ao produto, ou seja, nós vamos ter o arroz limpo, o farelo de arroz – que é um subproduto muito utilizado na ração animal – e a casca de arroz, que pode ser usada para cama de frango e para fazer compostos orgânicos, além de geração de empregos. Neste contexto de cadeia produtiva que estamos montando, vamos ter produção, beneficiamento e distribuição do produto final”, estima.
Umas das indústrias que beneficiam o arroz no estado é a empresa CDA – Companhia de Distribuição Araguaia S/A, a Tio Jorge, que está instalando uma indústria de secagem e industrialização de arroz no município de Lagoa da Confusão. Segundo o gerente administrativo e financeiro, Lione Pires Vieira, a capacidade para secagem será de 900 toneladas por dia, resultando em 27 mil toneladas ao mês. “A capacidade de industrialização de arroz em casca é de meia tonelada por dia. Por mês, a capacidade é de 13.260 toneladas, totalizando 159.120 toneladas por ano. Já a capacidade do produto beneficiado por mês é de 9.016,8 toneladas, igual a 300.560 fardos. Por ano, a capacidade de arroz beneficiado é de 108.201,6 toneladas, resultando em 3.606.720 fardos”, informa.