Estratégia para vencer a crise
Seminário discute políticas de sustentação para todos os setores da cadeia produtiva
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A Câmara Setorial do Arroz reuniu no início de outubro, em Pelotas (RS), representantes da cadeia produtiva, governo, instituições de pesquisa e entidades ligadas ao setor no Seminário de Alinhamento Estratégico, organizado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS. O encontro teve como objetivo apontar diretrizes de ação para as próximas safras, além de definir prioridades no encaminhamento de soluções para os principais problemas que impedem o desenvolvimento da atividade, sobretudo nas áreas de produção, indústria e comercialização.
A abertura do seminário foi feita pelo secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, e pelo presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Claudio Pereira. Mainardi classificou como inadmissível o fato de a cada três anos o setor enfrentar problemas em dois deles. Ele ressaltou a importância da atividade para o estado, principalmente na Metade Sul, mas defendeu que é necessário ter mais organização e planejamento na lavoura do arroz. “As crises têm sido permanentes, e é isso que temos que combater. A partir deste debate, queremos apontar caminhos para que o produtor se fortaleça e enfrente o mercado sem precisar do auxílio do governo. Faremos tudo o que for possível para possibilitar essa condição”, afirmou.
O presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz, Francisco Lineu Schardong, apontou a necessidade de organizar os aspectos da cadeia produtiva que envolvem a comercialização do cereal e que dependem de políticas públicas. Segundo ele, há um espaço muito grande entre o anúncio de uma medida do governo e sua colocação na prática. Schardong citou como exemplo a questão dos credenciamentos de armazéns pela Companhia Nacional de Abastecimento, dificultados pela modificação no regulamento e pelas exigências na formalização do contrato de depósitos (ver reportagem na edição 38 da Planeta Arroz). “Questões como credenciamento de armazéns, classificação do arroz e exportações são urgentes e precisam ser resolvidas entre o plantio desta safra e a colheita”, observou.
O dirigente também rebateu algumas críticas que foram endereçadas ao setor produtivo: “Não posso concordar com o termo ‘má gestão’. Se os orizicultores do RS estão produzindo em grande volume com qualidade e excelentes índices de produtividade, eles não podem estar fazendo uma má gestão. Também não aceito o termo ‘alinhamento’, que dá nome ao seminário. O setor está organizado e os produtores são competentes. O que precisamos é de políticas agrícolas de sustentação da cadeia, desoneração fiscal para o arroz gaúcho, programas de incentivo à armazenagem”, criticou.
O presidente do Irga avaliou como extremamente positivo o comprometimento de todos os setores envolvidos no debate e a priorização das ações que devem receber atenção máxima do governo e das instituições representativas do setor. Claudio Pereira destacou como pontos-chave apontados pela plenária a capacitação de produtores e técnicos quanto à administração rural, o aprimoramento da logística, principalmente a portuária, para auxiliar na exportação do grão e a uniformização tributária.