Estratégias reduzem o uso de água na lavoura de arroz

O manejo adequado da irrigação é considerado a prática mais importante no sistema de produção arrozeiro.

Por ser um recurso limitante, a água representa cerca de 11% dos custos do cultivo e tem forte interação com as demais práticas. A viabilidade da irrigação depende das condições de funcionamento dos sistemas de entrada e saída de água da lavoura, antes do início do plantio. Com a semeadura na época correta se aumenta a possibilidade de aproveitamento da água de chuvas, que pode contribuir com até 50% das necessidades da planta de arroz, dependendo da estação
de crescimento.

Conforme o consultor do Irga, Paulo Régis da Silva, o rendimento, a qualidade de grãos e o retorno econômico esperado dependem da interação de vários fatores. Dentre as práticas de manejo consideradas mais importantes destacam-se a adequação da área, a escolha correta da época de semeadura, do manejo da irrigação e da nutrição de plantas e o controle eficiente de plantas daninhas, pragas e moléstias.

– O manejo da irrigação depende do modo de realização da semeadura, se em solo seco ou em solo previamente inundado -, explica Silva.

Na semeadura em solo seco, pesquisas recentes realizadas pelo Irga evidenciaram aumentos no rendimento de grãos e na eficiência de uso da água com a antecipação da entrada do recurso para o estágio em que as plantas estão com três folhas expandidas, correspondendo entre 10 e 20 dias após a emergência. No entanto, para viabilização dessa prática é necessário que os sistemas de irrigação e drenagem estejam em condições de funcionamento antes de iniciar a semeadura e corretamente dimensionados, para maior rapidez nessas operações.

-A entrada precoce da água possibilita a aplicação da primeira dose da adubação nitrogenada em cobertura ainda no seco, obtendo-se maior eficiência de seu uso e menor perda para o ambiente -, afirma Silva.

Outras vantagens são a maior disponibilidade de nutrientes no início de desenvolvimento da planta e a maior eficiência de controle de plantas daninhas, com redução de custos e de impacto ambiental.

No sistema de semeadura em solo inundado, a entrada da água na lavoura ocorre já durante as operações de preparo do solo, ao redor de 20 dias antes da semeadura. Uma prática usual era se fazer a drenagem inicial da lâmina de água em até três dias após a semeadura, deixando-se o solo encharcado durante três a sete dias para melhor fixação de plântulas, com posterior recolocação da água. De acordo com o consultor, essa prática resulta em perdas de 15 a 20% da necessidade total de água, perdas de solo e de agroquímicos (herbicidas, inseticidas, fungicidas e nutrientes) com a água de drenagem, podendo contaminar os mananciais
hídricos.

Para reduzir o volume de água utilizado na lavoura orizícola, Silva
aponta para a semeadura até a primeira semana de novembro, a
mnutenção de uma lâmina de água baixa e uniforme e a eliminação de desperdícios de água durante as operações de captação e distribuição.

Com a semeadura no cedo se aumenta a possibilidade de aproveitamento da água da precipitação pluvial.

Em função dos avanços verificados no manejo da irrigação, a eficiência de uso da água aumentou. Atualmente, é possível produzir 1 kg de arroz usando mil litros de água.

– O manejo adequado da irrigação permite compatibilizar produtividade, rentabilidade e sustentabilidade da lavoura de arroz irrigado com maior eficiência no uso dos recursos ambientais -, finaliza o consultor do Irga.

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