Expansão vertical
Santa Catarina investe em produtividade para continuar crescendo.
Líder nacional em produtividade na lavoura de arroz irrigado, Santa Catarina detém ainda o segundo lugar no ranking nacional em volume de produção, com a média anual superior a 1 milhão de toneladas. Para a safra 2010/11, a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que sejam colhidos entre 1,05 milhão de toneladas e 1,06 milhão de toneladas.
A área plantada deverá permanecer nas mesmas dimensões da safra anterior, em torno de 150 mil hectares. A previsão é de que a produtividade também se mantenha na faixa dos 7.060 quilos por hectare, a maior média do Brasil. “Aqui é proibido falar em aumento de área para a lavoura, então o crescimento precisa ser vertical”, resume o presidente do Sindicato das Indústrias do Arroz de Santa Catarina (Sindarroz/SC), Jaime Franzner.
De acordo com o dirigente, os ganhos em rendimento por área, que nos últimos 40 anos aumentaram em 370% no estado, se devem, em grande parte, ao trabalho de melhoramento genético desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri). “O trabalho de pesquisa da Epagri é fundamental, porque o estado vem perdendo áreas de cultivo com o avanço das cidades. Assim, a produção só pode ser ampliada com maior produtividade ou em novas áreas”, avalia.
Em junho deste ano os produtores catarinenses ganharam um novo reforço da Epagri para a safra 2010/11 com o lançamento de uma nova variedade que permite maior rendimento por área: a SCS 116 Satoru. “Já temos 16 variedades com a marca Epagri, mas cada vez está mais difícil conseguir acréscimo no potencial produtivo. Com a Satoru esperamos, em média, aumento de 5% a 10%”, informa o pesquisador da instituição, José Alberto Noldin.
Ele explica que em áreas superiores, se o produtor adotar todas as tecnologias recomendadas pela Epagri, como o plantio e a adubação da forma correta, poderá alcançar quase o dobro da média, ou seja, obter de 10 a 12 toneladas por hectare, o equivalente a 200 ou 250 sacas. A nova cultivar também é adequada ao processo de industrialização de Santa Catarina e garante arroz dentro das expectativas do consumidor brasileiro: branco, soltinho e sem odor.
O gerente de negócios da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Aclis Fortunato, acredita que a expectativa dos produtores da Região Sul catarinense é recuperar as perdas que tiveram na última safra em decorrência do calor excessivo justamente na época da floração, que gerou grãos “chochos” e trincados. “Este ano o clima está ajudando e, se assim permanecer, estimamos um volume de produção bem semelhante ao indicado pela Conab, mas com uma possível elevação da produtividade, talvez em torno de 5%”, revela.
Questão básica
Com a restrição de área e sementes que garantem um melhor desempenho da lavoura, o presidente do Sindarroz/SC, Jaime Franzner, observa que alguns produtores do Sul do estado estão migrando para o Rio Grande do Sul e os do Norte para o Paraná. “A maior área adequada à cultura e que ainda produz pouco fica no Maranhão, mas há falta de produtores lá”, diz o empresário. Esta tendência também é percebida pelo gerente de Negócios da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Aclis Fortunato, no Sul do estado, mas não chega a ser significativa.
Perfil
Em Santa Catarina o arroz é fonte de renda para mais de 12 mil famílias rurais e gera, entre a produção e beneficiamento, mais de 50 mil empregos diretos e indiretos, movimentando aproximadamente R$ 1 bilhão a cada safra. O estado é reconhecido também por produzir a melhor semente de arroz irrigado do Brasil.