Exportações brasileiras de arroz devem seguir elevadas

A oferta mundial de arroz será mais apertada que no ano passado.

Os problemas climáticos da Ásia podem impulsionar as exportações brasileiras de arroz. A seca na Índia e os ciclones nas Filipinas prejudicaram as colheitas e essas regiões terão que intensificar a aquisição de produto importado. A quebra da safra em países concorrentes ocorre em um momento no qual o Brasil se consolida como exportador do grão. No mercado internacional, já se especula uma nova escalada das cotações do arroz beneficiado para mais de US$ 1.000 por tonelada.

Os preços mundiais não deverão atingir o pico antes de março de 2010. A oferta mundial de arroz será mais apertada que no ano passado, quando a escassez de alimentos desencadeou distúrbios em alguns países, como Haiti e Egito.

A Índia, o segundo país mais populoso do mundo, poderá se tornar um importador líquido de arroz pela primeira vez em duas décadas. O país teve as mais escassas chuvas de monção desde 1972, o que deverá reduzir a produção interna em 16,5%, para 84 milhões de toneladas, no ano-safra 2009/2010. No Brasil considerando-se o ano-safra 2008/2009 (março a outubro de 2009), as exportações brasileiras de arroz atingiram 724.849 toneladas.

No mais recente relatório da Conab, divulgado neste mês de novembro, a projeção para as exportações brasileiras de arroz foi mantida em 750,0 mil toneladas, contra 789,9 mil toneladas exportadas no ano-safra 2007/2008. No ano passado, o cenário favorável de preços internacionais e do câmbio possibilitou a alavancagem das vendas externas do cereal brasileiro, que atingiu o volume recorde de 789,9 mil toneladas.

Mantido o ritmo atual de exportações verificado entre março a outubro de 2009 (oito primeiros meses do ano-safra 2008/2009), de 90,6 mil toneladas, o volume total exportado pelo Brasil atingiria um montante de 1,087 milhão de toneladas. Esse volume dificilmente será atingido, porque as exportações podem perder ritmo nos próximos meses, principalmente na porção final da entressafra e preços teoricamente mais remuneradores no mercado interno.

De qualquer maneira, é líquido e certo que as exportações brasileiras de arroz superarão com facilidade a projeção feita este mês pela Conab, de vendas externas de apenas 750 mil toneladas, já que faltaria embarcar apenas pouco mais de 25 mil toneladas (base casca) para atingir esse montante (750 mil toneladas base casca).

O Brasil já se destaca entre os dez exportadores de arroz no mundo e vem ganhando mercados na África e, com a diminuição da oferta de arroz na Ásia, pode expandir para outros destinos. Em outubro deste ano, as exportações brasileiras de arroz atingiram 98,783 mil toneladas, um volume expressivo, para um dólar depreciado e cotado a R$ 1,72.

A logística também é um diferencial para a contínua elevação das exportações. O Porto de Rio Grande (RS) tem uma infraestrutura diferenciada que permite o carregamento próprio do arroz e taxas de frete mais competitivas. Essa adaptação intensificou as vendas para países africanos, em especial para a África do Sul, Senegal, Nigéria e Benin. Juntos, esses países têm uma demanda de 5 milhões de toneladas de arroz, das quais o Brasil responde com 10%. Há um potencial expressivo de ampliação nesses mercados.

O próximo passo é aproveitar a janela de oportunidade que se abre no continente asiático. As Filipinas determinarão mudanças no quadro de oferta e demanda mundial junto com a Índia que, ao invés de entrar como exportadora de 4 milhões de toneladas, entrará no mercado e adquirir até 3 milhões de toneladas (beneficiadas). A elevação nas importações de Índia e Filipinas deverá alterar substancialmente a oferta e demanda internacional, já identificada pela alta das cotações no mercado futuro do arroz. Nas últimas semanas, o aumento foi de mais de 10% e a tendência é de forte recuperação dos preços no mercado externo.

Além da perspectiva de incremento no volume exportado, o efeito cambial na receita brasileira poderá ser compensado pela mudança no perfil do produto exportado. Em outubro, 60% das vendas foram concentradas no arroz parboilizado. O produto de maior valor agregado consegue ser precificado em até 5% acima do arroz quebrado.

Os preços internacionais também devem favorecer os exportadores de arroz. Ainda que as cotações não tenham atingido um nível mais elevado, porque o Hemisfério Norte está em plena safra, uma reversão de preços para o mercado internacional já é sinalizada. Do final de outubro para o começo de novembro, o mercado internacional apresentou um reajuste acima de 10%.

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