Exportações de arroz batem novo recorde
Expectativa do setor é de manter as vendas externas em torno de 10% da produção gaúcha em 2010.
Embora o câmbio tenha sido o grande vilão da balança comercial brasileira em 2009 – com queda nos volumes exportados da maioria das commodities -, as vendas externas de arroz voltaram a bater um novo recorde, ainda faltando um mês para o fechamento do atual ano agrícola. Só em janeiro as vendas para o exterior registraram 56,2 mil toneladas.
O volume das exportações, no acumulado de 2009 (março/2009 a janeiro/2010), de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), totalizou 866,3 mil toneladas, base casca, apresentando crescimento de 17,4% sobre igual período do ano anterior, que foi de 789 mil toneladas. As importações em janeiro atingiram 68,8 mil toneladas e no acumulado do ano totalizaram 812,4 mil toneladas, gerando ainda um superávit na balança comercial do cereal no período em destaque.
O montante do faturamento com as exportações, porém, registrou uma queda de 14% em relação ao mesmo período em 2008, alcançando 267,5 milhões de dólares, contra 311,6 de 2009, em razão do menor valor da tonelada do grão no mercado internacional. Para o assessor de mercado do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Marco Aurélio Tavares, o aumento das vendas externas, mesmo com a redução do faturamento, mostra que a cadeia produtiva do arroz no Rio Grande do Sul está organizada e focada em exportar pelo menos 10% de sua produção.
Na análise de Tavares, a logística portuária favorável (para granéis e contêineres) que imprime um bom fator de competitividade aos embarques, a fidelização ao cliente, a condição geográfica favorável em relação ao continente africano, altamente demandador de arroz e principal cliente brasileiro, e a qualidade do produto exportado são fatores que permitem a ampliação das vendas e a manutenção do país entre os 10 maiores exportadores do grão.
Segundo ele, em 2009 o cenário internacional menos favorável, o quadro de oferta e demanda ajustado, com tendência de preços firmes no mercado interno, e o câmbio desfavorável inicialmente inibiam qualquer posição mais otimista em relação ao montante das exportações. “A Conab inclusive no início do ano projetava apenas 400 mil toneladas para os embarques externos. Entretanto, a cadeia produtiva conseguiu identificar uma grande oportunidade de negócio com um perfil de produto onde o arroz brasileiro, no caso do RS, tem uma grande aceitabilidade”, observa.
O presidente do Irga, Maurício Fischer, acrescenta que o arroz produzido no RS tem se destacado no cenário mundial pela sua qualidade e aceitação e por apresentar condições mercadológicas importantes, tais como grão livre de transgênicos, boa aparência, alto teor de amilose (boa panela) e condição de recozimento, e também pelo uso de tecnologias limpas na lavoura (cultivo mínimo), obrigatoriedade de licença ambiental e estar direcionado para a sustentabilidade socioeconômica e ambiental.
NICHO DE MERCADO
As estatísticas confirmam que o arroz parboilizado é o produto da pauta que cada vez mais apresenta destaque nas exportações brasileiras, representando mais de 80% das exportações do arroz beneficiado e 50% das exportações do ano, ocupando um grande nicho mercadológico atualmente mais competitivo que o arroz branco.
O principal destino do produto brasileiro ainda é o continente africano, com destaque para Nigéria, Senegal, África do Sul e Benin, que deverão importar em torno de cinco milhões de toneladas em 2010.
“Embora as nossas exportações para a União Europeia tenham sofrido uma redução, elas foram incrementadas pela África. Com isso, o Brasil, através do RS, está se tornando um grande player principalmente direcionado ao continente africano em uma situação em que o mercado internacional não é tão favorável assim”, destaca Marco Aurélio Tavares.