Falta de chuva ameaça plantio de arroz na Fronteira
Déficit hídrico chega a 60% em algumas barragens da
região. A Cooperativa Agroindustrial de Alegrete (Caal) vendeu
apenas 70% dos 180 mil sacos de sementes que deveria
ter negociado nesta época do ano.
Produtores de arroz da Fronteira Oeste começam a ficar preocupados com a escassez de chuvas na região. Faltando duas semanas para o início do plantio, os arrozeiros verificam um déficit hídrico que, em algumas barragens, chega a 60%. A falta de água pode acarretar redução de área na próxima safra em todos os
municípios produtores do grão na região.
O presidente da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana, Júlio Silveira Filho, explica que em Uruguaiana e Barra do Quaraí os produtores não irão arriscar o plantio sem água suficiente nas barragens para garantir a irrigação. Na safra passada, os
municípios plantaram juntos 94,5 mil hectares:
– Ainda não temos uma estimativa, mas a expectativa é de que ocorra uma diminuição de lavouras se não chover o suficiente, diz.
Em São Borja, a Associação dos Arrozeiros também já percebe o problema. O presidente da entidade, Pablo Silva, comenta que a situação das barragens é crítica:
– Temos barragens com apenas 30% da capacidade de água. A maior parte dos arrozeiros deverá reduzir área e demitir funcionários caso não haja uma recuperação hídrica em agosto e setembro.
Na Fronteira Oeste, as chuvas são insuficientes desde janeiro, quando uma forte estiagem assolou a região. No outono e no inverno, as chuvas não permitiram a recuperação dos níveis das barragens. Em Uruguaiana, por exemplo, o Departamento de Meteorologia da Aeronáutica, no Aeroporto Internacional Rubem Berta, registrou 42 milímetros em nove dias de julho. A média
histórica é de 100 milímetros. Neste mês, a situação é ainda mais grave. Em Uruguaiana, choveu apenas um milímetro.
Em Alegrete, a falta de água já afeta a venda de insumos. A Cooperativa Agroindustrial de Alegrete (Caal) negociou apenas 70% dos 180 mil sacos de sementes que deveria ter vendido nesta época. Nos fertilizantes, o índice é o mesmo. Segundo o gerente de
insumos da Caal, José Valentin, os 200 produtores atendidos pela cooperativa estão cautelosos. Em Alegrete, cerca de 50% da lavoura de 50 mil hectares depende das barragens.
– Para normalizar o estoque hídrico seria necessário chover 500 milímetros até o fim de setembro, mas não há essa previsão – afirma. Segundo a meteorologista Cátia Valente, coordenadora
da Central de Meteorologia da RBS, os institutos meteorológicos não prevêem chuvas abundantes para a Fronteira Oeste. Há previsão de que a primavera tenha chuvas concentradas e alternadas por dias de tempo seco e temperaturas elevadas.