Fenarroz comercializa R$ 22 milhões e honra metas apesar da pandemia
(Cleiton Evandro dos Santos, Planeta Arroz) Como a fênix, ave mitológica que entrava em autocombustão quando morria, renascia das cinzas e conseguia carregar cargas muito pesadas, a 21ª Feira Nacional do Arroz (Fenarroz) operou um grande feito ao ser realizada em meio a uma pandemia, época de plantio e com menos de um quarto dos expositores com os quais costuma ocorrer.
Aproximadamente 130 expositores, 50 deles da agricultura familiar, participaram da exposição e conseguiram movimentar R$ 22 milhões e 6.384 pessoas, contando expositores. Em 2018, na 20ª edição, o volume de negócios somou R$ 220 milhões e quase 30 mil pessoas.
A Comissão Executiva acredita que as contas deste ano fecharão no negativo pelo somatório de custos e a redução de receitas, mas que a próxima edição, em maio de 2022, poderá recuperar as contas. “Acreditava em mais público, pelo menos umas 10 mil pessoas”, afirma o vice-presidente-geral, Luís Alberto Silva. Segundo ele, fatores, como a condição sanitária, os protocolos, muitas pessoas ainda evitando se expor, mesmo vacinadas, impactaram o movimento, que melhorou consideravelmente no fim de semana.
Visitantes prestigiaram as vendas da Agricultura Familiar e varejo popular, mas também houve visita de empresários às empresas de máquinas
“Além disso, é época de plantio das lavouras, o que afastou o público-alvo de produtores, técnicos e empresários do ramo. Para aumentar o desafio, muitas empresas tradicionais não compareceram porque não têm estoques, previsão de entrega ou tabela de preços porque as indústrias tiveram vendas excepcionais e a pandemia trouxe dificuldade de abastecimento de algumas matérias-primas em 2020/21. Em 2018, a greve dos caminhoneiros nos atrapalhou, agora, foi a pandemia”, observa o dirigente.
Público foi limitado pelos protocolos de saúde, mas transmissão digital ampliou o alcance
PRESSÃO DO COMPROMISSO
Então, com todos estes problemas, por qual motivo realizar a Fenarroz? Luís Alberto Silva explica que isso aconteceu por uma questão de honra. “Havia a pressão do compromisso assumido com expositores e com a sociedade. Vários expositores pagaram antecipado para participarem da Fenarroz 2020 por uma questão de confiança. Precisávamos dar essa satisfação aos expositores e à população. Muitos expositores, porém, informaram que vão usar os créditos só em 2022”, reconheceu.
Segundo ele, a exposição cachoeirense reflete o que houve nas outras feiras este ano. “Fomos uma das primeiras a realizar feira depois do momento mais grave da pandemia, numa transição. Fazer a feira no novo normal, no peito e na raça, é um ato de coragem”, declarou. Além do movimento que melhorou no fim de semana, também foram comemoradas algumas vendas, como de selecionadoras importadas de alta tecnologia e grande valor agregado.
LEGADO DE 2021: MULTINEGÓCIOS
Para Luís Alberto Silva, legados foram deixados pela 21ª Fenarroz. O primeiro é a certeza de que o foco deve ser a multiplicidade do agronegócio e que a transmissão pelas vias digitais é um caminho sem volta. Outro é de que os eventos técnicos estão crescendo em conteúdo e ganharam maior visibilidade (foram quatro seminários: mercados e tecnologias de arroz e terras baixas, mulheres no agronegócio e de noz-pecã).
A recuperação do CTG José Bonifácio Gomes, que serviu cerca de mil refeições durante os seis dias, e, principalmente, o Memorial do Arroz são outros motivos de comemoração. Outro legado são os recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), que foi aprovada, mas não houve tempo hábil para a liberação dos recursos. Um evento cultural será promovido pela Fenarroz no fim do ano para cumprir o projeto.
UMA PERGUNTA
Qual a principal mudança para a Fenarroz 2022?
Ela voltará para maio, no outono, após a safra de verão, a pedido dos produtores. A realização em outubro foi uma excepcionalidade frente às circunstâncias da pandemia.