Força tem, só falta aproveitar
A postura do Rio Grande é decisiva para formar o preço final do arroz.
O Rio Grande do Sul é responsável por 48% da produção nacional de arroz, 42% da produção total do Mercosul, e produz mais de 65% do arroz irrigado do Conesul. As importações do Mercosul representam apenas de 7% a 8% do consumo nacional. Estes números deveriam dar condições econômicas e políticas para que o mercado brasileiro de arroz fosse capitaneado pelo Rio Grande do Sul, um maior peso na formação dos preços. Isto está acontecendo de forma natural, mas sem que os produtores gaúchos saibam trabalhar melhor esta condição.
No outono passado, os produtores gaúchos seguraram as vendas na expectativa de preços melhores e todo o mercado veio a reboque. A tendência permaneceu até o final do ano, superando desovas de estoques da Conab no Centro-oeste, oscilações do dólar e até ameaças de importações. No último verão, assustados com a chegada de nova safra, os gaúchos aumentaram a oferta e com isso os preços recuaram. A baixa ocorreu provocada diretamente pela incerteza do arrozeiro gaúcho no mercado, gerando uma escalada de baixa, na pressa de desovar seus estoques antes da chegada da nova safra. O que o motivou a agir desta forma? Primeiramente, a frustração da expectativa de comercializar a safra por preços superiores a R$ 20,00 o saco de 50 quilos e, por segundo, a falta de informações e de orientações precisas sobre o ritmo da comercialização.
É evidente que não podemos imaginar que o Rio Grande do Sul estabelecerá um preço e que todo o mercado o praticará. Estamos falando de usar este poder econômico para montar estratégias de comercialização de modo a favorecer o produtor gaúcho. A quantidade produzida, o conhecimento do perfil do arrozeiro, sua força política e a obtenção de informações precisas e confiáveis sobre as outras regiões produtoras de arroz no Mercosul e no mundo garantirão um privilégio de interferência no mercado de arroz ao Rio Grande do Sul que dificilmente permitiria perdas aos produtores gaúchos.
Está na hora da cadeia produtiva de arroz do Rio Grande do Sul sacramentar a maturidade que vem construindo há tempo nas discussões das ações do Governo, tudo para dar sustentação ao mercado e traçar estratégias de curto, médio e longo prazos, baseadas em dados e informações confiáveis, para assim consolidar a hegemonia da produção e industrialização do arroz consumido pelos brasileiros.
Quem é
Adalberto Jardim Silveira é consultor em agronegócios e colabora com a Planeta Arroz desde o primeiro número.