Força vital
Do grão à casca,
o arroz gera energia
de qualidade.
Que o arroz é um carboidrato que gera energia para o corpo, todo mundo já sabe, mas a cultura arrozeira caminha para formar uma cadeia muito mais complexa e de maior valor agregado utilizando todos os produtos, subprodutos e resíduos do grão. Uma das vertentes que se consolida é a produção de energia elétrica. No Brasil, 12 usinas termoelétricas têm a casca e a palha do arroz como combustível preferencial, algumas delas utilizando os resíduos da queima como produto nobre para a produção de sílica, material empregado para diversos fins industriais.
Até o final dos anos 80 a casca de arroz gerava grave problema ambiental e econômico para as empresas do país, pois precisava ser descartada como lixo. O resultado era a manutenção de espaços no pátio – ou terrenos vizinhos – das indústrias para depositar o produto, que acabava sendo dispensado em aterros sanitários e cursos d’água e, principalmente, queimado a céu aberto. O rigor da legislação e a contabilidade das empresas começaram a mudar esse perfil nos anos 80, quando a casca, usada em pequena escala para gerar energia nos antigos locomóveis dos engenhos, passou a ser queimada nas caldeiras para as modernas indústrias de parboilização.
O aumento da produção e os altos custos da energia elétrica fizeram com que, com base no desenvolvimento de tecnologias por instituições públicas e privadas, a cadeia produtiva de arroz começasse a utilizar a biomassa da casca e da palha como combustíveis. E em seguida a geração de usinas que não só transformam os antigos resíduos em energia para atender a demanda das empresas, mas também em fonte de renda com a venda de excedentes para a rede de distribuição de todo o país. Com a demanda e a transformação dos resíduos em matéria-prima nobre, os preços subiram. Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, uma tonelada de casca de arroz chega a ser comercializada entre R$ 200,00 e R$ 240,00.
Atualmente o Brasil produz entre 2,2 e 2,6 milhões de toneladas de casca por ano. Com este volume seria possível quintuplicar o número de usinas do país, principalmente na região Sul, gerando milhares de empregos e renda. Mas o investimento é alto, a tecnologia exigida é de ponta e há necessidade de ter a matéria-prima disponível o mais perto possível da usina, uma vez que o frete é um dos fatores que inviabiliza o negócio.